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Home Crônicas Alejandro Mercado

Mas oi, é do celular do Aécio?

porAlejandro Mercado
28 de agosto de 2015
em Alejandro Mercado
A A
"Mas oi, é do celular do Aécio?", crônica de Alejandro Mercado

Imagem: Reprodução.

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Essa coisa de vida política nunca foi muito para mim. Aprendi na marra que fazer o Maluf e bater no “45 confirma” sendo assessor particular da Presidenta da República uma hora pegaria mal. Ganhei, desta forma, meus primeiros 15 minutos de fama.

Contratei um RP, ganhei quatro, repetindo quatro programas da Sônia Abrão. Deu pra falar sobre o formato da minha joanete (que muito se assemelha ao Cruzeiro do Sul, diga-se de passagem), pra tentar arranjar uma namorada, mas, um dia a fama acaba. Se acabou hoje a do Cézar que ganhou ontem o BBB, que dirá a minha, que nada de relevante fiz. Corri arranjar trabalho.

Liguei para uns dois conhecidos dos tempos de Brasília e, para meu espanto, fiquei sabendo que havia caído nas graças do menino de bérzonte. Sempre me encantei com aquela foto de garoto propaganda de café da manhã com margarina Qualy, que usou à exaustão na última campanha presidencial.

Olhei pro relógio e, como era cedo, sabia que meu futuro presidente, como fui instruído a chamá-lo, não estaria de pé antes das 14h – o que só acontece caso o protocolo parlamentar exija; foi assim que entendi o porquê de tantas notas fiscais de corretivos comprados na Mac. Pra completar, era uma quarta-feira, e sabia como era fã do Programa do Gugu, logo, deve ter ficado acordado até tarde vendo a entrevista com Andressa Urach. Às 14 em ponto, pego o celular e disco o número do bad boy mineiro.

– Mas oi, é do celular do Aécio?

Ouço do outro lado um grunhido estranho. Deve ter tomado todas na noite anterior.

“Sempre me encantei com aquela foto de garoto propaganda de café da manhã com margarina Qualy.”

– Então, meu futuro presidente, estou ligando em busca de serviço. Como o senhor sabe, fui demitido do meu trabalho no Planalto. Falaram que não pegava bem alguém no governo que, além de agir como de direita, votasse em alguém da direita. Até tentei fazer um terceiro turno, mas não obtive êxito.

Ouço as vozes de Ronaldo Fenômeno e Luciano Huck ao fundo balbuciando frases em uníssono. “Mas que ressaca, hein das Neves. Bebemopacaraio, muleque”. Estava acostumado com o protocolo, fiz que não havia escutado.

– Meu futuro presidente, tenho larga experiência política e diplomática. Já escondi contrato de licitação de metrô, falei que helicóptero era meu sem nem saber pilotar e até coloquei a culpa da crise hídrica na falta de reza para São Pedro. O que é admitir uns trocadinhos de Furnas? Em mim, o senhor encontrará seu eterno escudeiro.

Percebo que ele não gosta de minha tentativa de amizade. Mas o silêncio pode ter sido em respeito ao Fenômeno ou ao Huck – este que, de tão tucano, até modificou o nariz como homenagem ao partido – sedentos de ciúmes por sua amizade e companheirismo, nesta relação de longa carreira, digo, data.

– Meu futuro presidente, eu sei que o senhor está com a cabeça atolada nestes últimos tempos, mas digo logo alguns dos grandes benefícios de minha contratação: bebo pouco, então poderei estar presente no Senado para responder à chamada nos seus dias de ressaca ou mesmo nos carros de som durante as manifestações pró Impeachment; sou gaúcho faca na bota, saberei conduzir diálogos com Lulu Genro; por último, e não menos importante, fiz anos de terapia que me ajudaram a aceitar as derrotas na vida, posso lhe ser muito útil…

O telefonema cai. Pisei na jaca. Esqueci que ele não estava acostumado a perder e não ser o dono da bola e nem do campinho. Os anos de pelada no aeroporto de Cláudio não fizeram bem.

Tags: Aécio NevesCrônicapolítica

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