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Home Crônicas Alejandro Mercado

O avô Oclécio

Alejandro Mercado por Alejandro Mercado
12 de janeiro de 2017
em Alejandro Mercado
A A
o avô oclécio

Ilustração: "My grand dad hands" / Myannik.

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O mundo tomou de mim a oportunidade do convívio com meu avô materno. Do senhor Oclécio José de Morais só sei o que as histórias que me foram contadas dizem. Ser privado dessa relação forçou com que eu criasse uma representação dessa figura masculina ausente em minha formação como ser humano.

Ao longo de sua vida, Oclécio foi envolvido com a terra. Fazendeiro, nascido em Mineiros quando esta ainda era distrito da terrosa Jataí. Botas, camisa de manga curta, como manda o figurino, e calça jeans. Acredito que tenha sido um homem duro, formado no campo, na lida com a terra, o gado, os grãos. Sem muito tempo para afetos, ainda que tenha sido eternizado como um homem carinhoso. Seco, mas carinhoso.

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Oclécio foi torto na vida, mas isso apenas porque nunca fez questão de ser direito. Quais eram suas expectativas? Quais teriam sido seus anseios? Pergunto-me se sonhava e com o quê.

Como os demais de sua época, abandonados à própria sorte no calor abafado do sudoeste goiano, coube a ele optar pelo que a vida assim ofereceu: a lida ou a morte. Não estudou em escolas, mas graduou-se na vida, em entender o clima, o funcionamento da terra, do cultivo, da hora certa de fazer o abate, a precisão em entender os dias de chuva, ou mesmo o que representava a seca. Acostumou-se à ausência de vento. Mineiros moldou seu caráter, forneceu-lhe uma película protetora para conduzir suas relações humanas, aquelas das quais me vi privado.

Oclécio foi homem simples. Não no sentindo clichê da palavra. Guardava em si as coisas que aprendeu de valor, como o peso da palavra, que vento nenhum era capaz de cortar, e a importância da família. Comprou terras, casou e teve quatro filhos. Cinco na verdade, ainda que um deles o acaso e a arma mal guardada no escritório da fazenda tenham se encarregado de levar mais cedo. Talvez ele tenha chorado. Talvez tenha rogado que o mundo levasse ele e deixasse o filho, pequeno, ainda uma criança. Talvez este incidente tenha atingido ele com tamanha força que precisou apertar ainda mais a couraça. Talvez ele tenha detestado a si com a força visceral do ódio. Talvez.

Oclécio foi torto na vida, mas isso apenas porque nunca fez questão de ser direito. Quais eram suas expectativas? Quais teriam sido seus anseios? Pergunto-me se sonhava e com o quê. Que teria me dito o avô Oclécio, este homem que meus olhos só viram em fotos com minhas irmãs mais velhas, sobre as decisões que tomei ao longo da vida? Seu câncer poderia ter sido curado nos dias de hoje? Oclécio morreu por viver no tempo errado. Deixou as terras que golpes de homens maus não levaram, mulher, quatro filhos e uma pensão no valor de um salário mínimo. Saiu da vida para entrar na eternidade de minha imaginação, essa moça fértil que conferiu a mim a possibilidade de viver com meu avô, ainda que em sonhos.

Tags: avôcrônicafamíliaGoiásMineirosOcléciorelações afetivias
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