Escolheu cautelosamente a próxima vítima. Não gostava de fazer aquilo, mas sabia que era um mal necessário. “Vamos acabar logo com isso”, pensou Osvaldo ao segurar a faca com força, “não é a primeira e não será a última vez”.
Geraldinho observava a cena paralisado, dando atenção a cada movimento para aprender com o mestre.
– Geraldinho, você pode se retirar? Prefiro fazer isso sozinho.
– Mas…
– Geraldo!
– Tudo bem.
Osvaldo olhou ao redor para ter certeza de que realmente não havia mais ninguém por perto. Fechou os olhos por dois segundos, prendendo a respiração.
Atacou.
Um corte aqui, outro ali e, como previsto, caiu em prantos enquanto transformava aquele corpo em pequenas peças iguais, “mas que bela merda, não consigo mesmo me controlar”. Fazia o tipo machão, daqueles que caem na besteira de acreditar que homem não pode chorar – mesmo enquanto chorava feito um bebê.
Faltava pouco, mais uma facada seria suficiente.
Estava feito.
Secou os olhos no pano de prato e observou orgulhoso a obra que acabara de executar.
– Pronto, Geraldinho. Pode voltar, filho.
Geraldinho entrou sorridente. Seu pai tinha, mais uma vez, vencido o desafio de cortar a cebola. O almoço da família ficaria delicioso.