Entrou no quarto da amiga, que acordou assustada.
– Você roubou meu namorado!
– Quê?
– Não se faz de desentendida.
– Você nem tem namorado.
– No meu sonho eu tinha e você roubou.
– Meu Deus!
– Era o Neymar.
– Oi?
– Por que você faria uma coisa dessas?
– Você sabe que eu nem conheço o Neymar, né?
– Será?
– E nem você!
– Mas pode ser a vida dando um sinal.
– Um sinal de que você perdeu totalmente o controle.
Sentou na cama.
– Tô com um ódio, me segurando pra não sentar a mão na sua cara.
– Levanta da minha cama!
– Tá vendo? Por isso eu odeio morar em república, a gente não pode fazer nada que quer, nem quando alguém dá mancada.
– Isso não é uma república, é minha casa. E você tá dormindo no meu sofá há dois meses porque diz que não acha apartamento.
– Não muda de assunto.
– Mas isso é um assunto que vale a pena.
Levantou da cama.
– Vou procurar apartamento amanhã.
– É óbvio que eu não vou roubar o Neymar de você.
– De verdade? Não vai mesmo?
– Não tem como ser mais verdadeira que isso. Ele nem sabe que você existe!
– Sei.
– E a gente, como fica?
– A gente dorme, Cris.
– Dormindo com o inimigo…
– O inimigo vai colocar você pra fora de casa se não parar com essa palhaçada agora.
– Eu só saio se você prometer.
– Prometer o quê?
– Que você não vai roubar o Neymar de mim.
– Cacete, Cristiane. Mais de duas da manhã.
Cruzou os braços.
– Vai, promete.
– É óbvio que eu não vou roubar o Neymar de você.
– De verdade? Não vai mesmo?
– Não tem como ser mais verdadeira que isso. Ele nem sabe que você existe!
– Mas vai saber. Copa tá aí.
– Vai ser na Rússia.
– Mas sonhos dizem muita coisa.
– Tá, beleza, vai lá sonhar mais. Me deixa dormir.
Saiu do quarto. Voltou.
– Mais uma coisa.
– Não!
– Quando o namoro recente dele acabar, os fãs vão se dividir. Você tem que prometer que vai ser Team Cris e não Team Marquezine, sempre.
– Cris, você foi possuída por uma adolescente de 16 anos?
– Promete, Priscila.
– Eu prometo. Prometo muito. Mas me deixa dormir, amanhã a gente trabalha.
Saiu. Voltou.
– Quanto custa uma passagem pra Rússia?