Chegou ao encontro. Começou a falar antes de se sentar.
– Eu tive um problema, preciso ir.
– Mas, calma, a gente ainda nem conversou.
– Eu estou com um problema, a gente marca outro dia.
– Mas que problema?
– Um problema.
Virou para trás, para ir embora. Olhou novamente.
– Me desculpa. Mesmo.
– Espera! Me fala o que é, eu posso ajudar.
– Não pode.
– Posso.
– Não pode.
Se sentou.
– Tá, eu vou falar.
– Fala.
– Mas você não vai ter como ajudar e eu vou estragar o nosso encontro.
– Pode falar, não vai estragar.
– Eu tô fedendo.
O silêncio tomou conta da situação.
– Fala alguma coisa!
– É, você tá fedendo.
– Sabia que não ia poder ajudar, mas precisa ser grosso?
– Eu não fui grosso, eu concordei.
– Mas precisava ter concordado?
– É que eu senti assim que você chegou.
– Meu Deus!
Puxou a camisa para cima, para conseguir cheirá-la.
– Tá tão forte assim?
– Eu senti de longe.
– Ai, que vergonha!
– É, você podia ter tomado banho.
– Quê? Eu tomei banho!
– Não parece.
– Que tipo de pessoa você acha que eu sou?
– Alguém que não toma banho, sei lá, a gente ia se conhecer hoje.
– Eu tomei, né, Mateus. Foi uma maria-fedida!
– Como?
– Maria-fedida, aquele inseto, ué. Pousou em mim vindo pra cá, eu não tinha o que fazer.
O homem se levantou.
– Eu não fui grosso, eu concordei.
– Mas precisava ter concordado?
– Me fez falar e agora vai embora?
– Eu preciso ir.
– Agora que eu sentei você vai ficar e a gente vai jantar. Tô morrendo de fome, vou pedir um pregador pra você colocar no nariz.
– Esse encontro não deveria estar acontecendo.
– Nossa, mas homem é um bicho complicado. Eu dei até a solução. Vai lá, eu vou ficar aqui.
– É melhor mesmo, moça. Meu nome não é Mateus.
Levantou e foi embora. Mateus chegou.