• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Crônicas Henrique Fendrich

Aqueles que andam a pé

porHenrique Fendrich
16 de março de 2016
em Henrique Fendrich
A A
"Aqueles que andam a pé", crônica de Henrique Fendrich.

Imagem: Reprodução.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

O pedestre é, antes de tudo, um forte. Não é qualquer um que, em plena era do automóvel, resolve andar por aí a pé mesmo, ou naquilo que a minha mãe chama de “expresso canelinha”. Terá que enfrentar não apenas as longas distâncias, mas calçadas em geral mal cuidadas e toda uma infraestrutura urbana que não vê no pedestre mais do que um incômodo. A coisa se torna ainda pior quando o pedestre resolve ser pedestre em Brasília, cidade que, como é sabido, foi planejada especialmente para tornar a vida do pedestre um inferno. Até por isso, não são muitos por aqui que se arriscam a usar as pernas para caminhar, e deve haver até mesmo aqueles que já se esqueceram de como se faz isso. Dizer que vai a pé de um lugar ao outro é uma excentricidade tão grande como se dissesse que irá voando. Vou dar um exemplo.

Um dia desses, precisei acompanhar uma reunião em um hotel que fica na mesma rua em que trabalho, só uns 500 metros adiante. Pois me deram um voucher para ir de táxi. Primeiro eu achei que era gozação, aquilo não podia ser verdade. Era. Era a verdade de uma cidade em que não se anda a pé. De curiosidade, fui olhar no Google Maps o tempo que levaria de carro até lá: 2 minutos. E só leva tudo isso porque o carro não poderia andar em linha reta, como o pedestre. Pombas, em dois minutos eu mal tenho tempo de entrar no carro e dizer para onde eu quero ir. Nós chegaríamos ao destino e eu ainda estaria preenchendo o voucher. O taxista também não iria gostar nada de uma corrida dessas. Fui a pé, é claro.

E levei bem menos que os 9 minutos que o Google disse que um pedestre levaria. O Google nada sabe sobre a minha forma de caminhar. Caminho rápido, sou ansioso, desejo chegar ao destino sempre mais rápido do que as minhas pernas são capazes de me levar. Admito, não sem vergonha, que chego a atravessar pela direita alguns pedestres mais vagarosos. Mas seja dito a meu favor que, em situações de cruzamento, eu sempre cedo a preferência. Às vezes vem uma pessoa na minha direção, eu vou para a esquerda, ela também vai, eu mudo para a direita, ela também muda, e a gente fica dançando um na frente do outro, até que finalmente conseguimos seguir adiante.  Mas sou um bom pedestre. Não sou como aqueles que só faltam passar por cima da gente – há pedestres que bem mereciam passar por umas aulas de caminhada defensiva.

Há pedestres que bem mereciam passar por umas aulas de caminhada defensiva.

Em geral, eu não reclamo de ter que caminhar. Só acho um pouco ruim quando volto do mercado carregado de sacolas. E quando chove. Andar a pé em Brasília já é difícil, mas andar a pé em Brasília na chuva é uma prova de que, se forçado, o ser humano é capaz de feitos inimagináveis. Porque aí não tem guarda-chuva que resolva, as calçadas, que ainda são do tempo do JK, se transformam em pura piscina e você tem a sensação de que está atravessando o Mar Vermelho antes dele ser dividido. E pior, às vezes chove justamente quando você está voltando do mercado carregado de sacolas. Nessas horas, eu faria de bom grado uma prece ao santo protetor dos pedestres, mas sabe do melhor? Não tem. Tem santo que protege os motoristas, mas não tem santo que protege os pedestres. E é por isso que alguém sempre espirrará lama em você.

Tags: andarandar a pécaminharCrônicapedestres

VEJA TAMBÉM

"Drama da mulher que briga com o ex", crônica de Henrique Fendrich.
Henrique Fendrich

Drama da mulher que briga com o ex

24 de novembro de 2021
"A vó do meu vô", crônica de Henrique Fendrich
Henrique Fendrich

A vó do meu vô

17 de novembro de 2021
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

O escritor marfinense GauZ. Imagem: Alexandre Gouzou / Reprodução.

No sensacional ‘De Pé, Tá Pago’, GauZ discute as relações entre capitalismo e imigração

5 de setembro de 2025
Chris Evans, Dakota Johnson e Pedro Pascal protagonizam novo filme de Celine Song. Imagem: A24 / Divulgação.

‘Amores Materialistas’ e a nova cara da comédia romântica

5 de setembro de 2025
Shirley Cruz protagoniza o novo longa-metragem de Anna Muylaert. Imagem: Biônica Filmes / Divulgação.

‘A Melhor Mãe do Mundo’ combina melodrama e realismo cru

4 de setembro de 2025
Julia Dalavia e Jaffar Bambirra protagonizam a adaptação do Globoplay para obra de Raphael Montes. Imagem: Globoplay / Divulgação.

‘Dias Perfeitos’ expõe a violência obsessiva e confirma Raphael Montes como cronista do horror brasileiro

3 de setembro de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.