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Home Crônicas Henrique Fendrich

Feliz aniversário

porHenrique Fendrich
24 de maio de 2017
em Henrique Fendrich
A A
"Feliz aniversário", crônica de Henrique Fendrich.

Imagem: Reprodução.

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Era o seu aniversário, mas nem por isso era um dia de festa, pode-se dizer até que era um dia mais triste que os outros. Afinal, era quando batia mais forte a consciência de que havia uma grande diferença entre quem você era e quem você queria ser. Era o seu aniversário, era dia de celebrar a sua vida, mas era precisamente ela que estava errada e você não conseguia mudar. Se pudesse, você teria passado essa data, não era justo ter que comemorar no estado em que você se encontrava.

Ah, aquele não era nem de longe o aniversário dos seus sonhos. Se pudesse, você estaria cercada de amigos, você teria um namorado, e eles se juntariam e fariam uma festa-surpresa, porque até hoje você nunca teve uma festa-surpresa. Era dia de se sentir especial, mas você não se sentia de forma alguma.

E esses que vinham dar os parabéns, ah, como eles estavam longe de você. Falavam coisas automáticas, coisas que se diz em todos os aniversários. Para eles, tratava-se de cumprir um papel, eles davam os parabéns e você sorria, agradecia, e depois não se falava mais nisso. Você sorria, mas era um sorriso irônico, de quem não entende e não aceita os parabéns daqueles que não conversam com você no resto do ano. Que sabem eles dos seus problemas, das suas lutas e das suas angústias?

Você achava que dar os parabéns para você naquele dia era concordar com a vida que você levava, era achar que você era realmente aquilo que eles viam e nada mais. Eles não sabiam que dentro de você vivia uma pessoa totalmente diferente, e que não conseguia desabrochar. Dar os parabéns por este fracasso! E você sorria, irônica, sozinha no dia do seu aniversário.

Era dia de se sentir especial, mas você não se sentia de forma alguma.

Havia algumas pessoas, poucas, amigos de celular, esses te conheciam um pouco melhor, esses poderiam te dar os parabéns, poderiam te abraçar e passar o dia ao seu lado, mas eles estavam todos longe. Todo o amor que sentiam por você se concentrava em mensagens de texto, que até diziam coisas bonitas, que até eram enfeitadas com alguns coraçõezinhos, mas o que era isso diante do seu vazio? E então você reclamou, reclamou de si mesma, da sua vida, reclamou no dia do seu aniversário, reclamou para essas pessoas que gostam de você, reclamou mesmo sabendo que elas não poderiam fazer nada para te ajudar.

Eles até tentaram, deram esperança, disseram frases motivacionais, mas você estava tão ferida que já não escutava, e nem acreditava que a vida, ou o tempo, iria se encarregar de trazer as coisas que você precisa. Você disse coisas muito feias a respeito de si mesma, coisas que não eram verdade, mas não adiantava protestar, isso só dava nova força aos seus argumentos, você parecia querer que todos dissessem “É mesmo, você não presta para nada”. Então eles se calaram, porque já não sabiam o que dizer, porque às vezes a gente quer ajudar e fere ainda mais.

Mesmo com toda a sua mágoa, havia ainda um desejo de que algo acontecesse, quem sabe alguém aparecesse, quem sabe fizessem uma coisa extraordinária por você, e intimamente você esperou, esperou até o fim do dia e não aconteceu nada. E no outro dia já não era seu aniversário, já não havia nada a esperar de ninguém. Tudo estava acabado e você ainda teria 364 dias pela frente.

Tags: Crônicadepressão pré-aniversáriomágoaparabéns

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