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Home Crônicas Henrique Fendrich

O Maldoso Vento Sudoeste

porHenrique Fendrich
5 de agosto de 2020
em Henrique Fendrich
A A
Imagem: Reprodução.

Imagem: Reprodução.

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Tem feito frio em Brasília – pelo menos mais frio do que costuma fazer. O culpado, naturalmente, é o Vento Sudoeste, esse mesmo que traz frentes frias para todo o Hemisfério Sul. Pois em Brasília tem trazido mais do que isso. O Vento Sudoeste virou uma séria ameaça à vida de pessoas que já não tem muito do que viver.

Acontece que existe na cidade um setor chamado, justamente, de Sudoeste. É um bairro nobre de Brasília, e talvez fosse melhor não chamá-lo de bairro. O “Setor Sudoeste”, como é natural, possui um Conselho Comunitário para tratar dos problemas dos seus moradores. Nos últimos dias, o Conselho tem sido obrigado a trabalhar bastante.

Isso porque os moradores estão bastante incomodados com a “mendicância” no bairro. É compreensível. Particularmente, também me sinto muito incomodado com a mendicância. Porque uma coisa é viver pedindo dinheiro na rua, e outra, bem pior, é praticar a mendicância. Segundo o Conselho, se formos passar pelo Sudoeste iremos ver pelo menos um pedinte – isso se não for uma família. A administração do Sudoeste, profunda conhecedora do comportamento mendicante, diz que, muitas vezes, os moradores de ruas são criminosos foragidos, ou mesmo “pessoas maldosas”.

Sabemos que uma pessoa boa, verdadeiramente boa, jamais se verá obrigada a pedir o que quer que seja na rua. Os moradores também sabem que, assim como os cachorros, os moradores de rua tendem a voltar se você alimentá-los – e pior, podem chamar outros!

O Vento Sudoeste virou uma séria ameaça à vida de pessoas que já não tem muito do que viver.

A presidente do Conselho, aparentemente uma especialista, diz que um morador de rua pode ganhar R$ 300 por dia. É um valor considerável. O Sudoeste deve ter moradores ganhando mais do que isso, mas eles precisam suar, cansar e viver estressados. O pedinte apenas pede – e, no Sudoeste, pede a quem tem. Os moradores estão constrangidos e temem que seus carros sejam arranhados e suas famílias vigiadas por não terem dinheiro a dar.

E por isso fazem uma campanha para que o governo dê um jeito de tirar os pedintes de lá. Quando os moradores de Higienópolis, em São Paulo, foram contrários à instalação do metrô no bairro, foi justamente para que não viessem essas pessoas que já agora estão no Sudoeste – sem que metrô algum tenha sido necessário para isso.

A administração e o Conselho, naturalmente, sabem que o problema da mendicância é complexo demais, e que não cabe a eles dar uma solução definitiva. Por isso, consideram-se satisfeitas se forem adotadas medidas paliativas – por exemplo, levá-los para outro lugar.

Oh! É então que precisamos de ti, Vento Sudoeste! Sopre forte e varra daqui todos os maldosos adeptos da mendicância! Leve, leve para outro lugar! Aí está o Cruzeiro, um simples bairro de origem carioca, que nem é muito longe, e que poderia muito bem recebê-los! Leve, leve para as cidades-satélites, para as cidades do entorno, para Goiás, mas tire-os daqui!

Vento Sudoeste, livre-nos também desse mentiroso pedinte que anda espalhando aos repórteres que não gosta de morar na rua, que pede ao governo um lugar pra dormir, leve, leve junto. Vento Sudoeste! Traga de volta a nossa paz e permita que voltemos a nos aconchegar, tranquilamente, nesse frio, nesse imenso frio, que nos cai tão bem.

Tags: BrasíliaCrônicamendicânciamendigospedintesSudoeste

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