Precisamos falar sobre Kate Winslet. Há 24 anos, após uma indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante por Razão e Sensibilidade, adaptação do romance homônimo de sua conterrânea Jane Austen, assinada pelo taiuanês Ang Lee, a jovem atriz inglesa se tornou estrela graças ao estrondoso sucesso de bilheteria de Titanic, lançado nos últimos dias de 1997.
No épico romântico de James Cameron sobre o trágico naufrágio do navio transatlântico que dá nome ao filme, Kate é a linda e impetuosa Rose, uma jovem da alta sociedade norte-americana que, durante a travessia entre a Europa e os Estados Unidos, trai o noivo, também a bordo, e se apaixona pelo pobretão Jack (Leonardo DiCaprio), em uma história de amor que arrastou milhões aos cinemas de todo o mundo e se tornou um clássico popular contemporâneo.
Com apenas 22 anos, Kate foi indicada pela segunda vez ao Oscar, mas acabou perdendo a estatueta para Helen Hunt, que venceu por sua atuação na comédia dramática Melhor é Impossível, de James L. Brooks. Embora não fosse mesmo a favorita, imagens da cerimônia não escondem o desapontamento da jovem britânica. Afinal, naquela noite, Titanic levou 11 prêmios, empatando com Ben-Hur (1959) – o recorde seria mais uma vez igualado, em 2003, por O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, de Peter Jackson, cineasta neozelandês que, coincidentemente, deu a Kate sua primeira grande chance no cinema, no sombrio Almas Gêmeas, de 1994.
Desde o fenômeno de Titanic, Kate Winslet, hoje aos 45 anos, se tornou uma das maiores (e melhores) atrizes de sua geração. Com sete indicações ao Oscar, venceu em 2009, pelo drama O Leitor, de Stephen Daldry, no qual vive uma mulher da classe trabalhadora alemã que, durante a Segunda Guerra Mundial, serve ao Nazismo, trabalhando em um campo de extermínio de judeus.
Intensa e muito versátil, Kate é capaz de todo e qualquer papel. Sua entrega às suas personagens é notável. A mais recente é na série Mare of Easttown, que acaba de ser lançada pelo canal pago HBO. na qual vive a investigadora policial Mare Sheehan. Chegando aos 50 anos, a protagonista vive e trabalha em Easttown, uma cidadezinha no interior do estado da Pensilvânia. É divorciada do marido, o professor secundário Frank (David Denhan), que vive no outro lado da rua de sua casa.
Intensa e muito versátil, Kate é capaz de todo e qualquer papel. Sua entrega às suas personagens é notável. A mais recente é na série Mare of Easttown, que acaba de ser lançada pelo canal pago HBO. na qual vive a investigadora policial Mare Sheehan.
No primeiro capítulo, ficamos sabendo que Mare é uma mulher sem muita vaidade, durona mas sensível, que mora com a mãe, Helen (a veterana Jean Smart), a filha adolescente e lésbica, Siobhan (Angourie Rice), e o neto. O pai do menino, que sofria de depressão, se suicidou. A polícial no passado foi estrela do time de basquete da escola, é conhecida por todos na cidade, e vista como uma espécie de heroína local. Exceto por uma ex-colega da colégio, cuja filha desapareceu misteriosamente e acusa as autoridades de nada terem feito para encontrá-la.
Em uma trama que faz lembrar Twin Peaks, icônico seriado de David Lynch, a aparente paz em Easttown é interrompida quando, logo no fim do primeiro episódio, Erin (Cailee Spaeny), colega de escola de Siobhan, é encontrada morta e praticamente nua em um riacho nas cercanias da cidade. O crime será investigado por Mare e revelará crimes, pecados e segredos da localidade.
Com um ótimo roteiro, cheio de reviravoltas, que pegam o espectador de surpresa, sempre ao fim de cada episódio, Mare of Easttown não seria a mesma não fosse a atuação impressionante, cheia de nuances, de Kate Winslet. Sua protagonista, ao mesmo tempo forte e muito vulnerável, é puro afeto e impulsividade, capaz de atos de heroísmo, mas também de meter os pés pelas pelas mãos e colocar sua carreira, e sua vida em risco. A atuação de Kate é antológica, repleta de camadas, e nunca previsível. Não será surpresa se vencer seu segundo Emmy – o primeiro foi pela minissérie Mildred Pierce, de Todd Haynes.