Desfez-se a prosa em um poema inesperado
Insistiu em seguir o rumo da narrativa
Mas a crônica dilui-se em versos
Esparramados sobre a tela branca
Como um grafite improvável
Arrebatamento de cores que buscavam um significado
E explodiram sobre o muro como um grito
Um segredo de amor guardado
Desfez-se a prosa em um poema inesperado
A palavra era lógica até se perder na veia
Recusar a linha e optar pelo atalho
Da poesia que costura os pontos de um coração rasgado
Que pinga a tinta daquela imagem
Metamorfoseada, querendo voar para longe
com a força de uma notícia súbita, feita à bala
Para compreender que não há fim, só recomeço
Se em cada verso cabe a voz que fala
Curitiba, 2018