Estamos sempre em movimento, mesmo quando sob a ilusão de estarmos parados, estáticos. O universo pulsa, a Terra gira em torno do próprio eixo e ao redor do Sol. E muitas transformações se dão, mesmo quando estamos envoltos pelos braços de Morfeu, adormecidos, e aparentemente protegidos. Aliás, enquanto sonhamos, estamos muitas vezes a reelaborar nossas vivências, tecendo redes que nos conectam a instâncias remotas do que somos, como se estivéssemos em um profundo mergulho em nosso inconsciente, que emite sinais, também de alguma forma a fazer novos bordados.
Nem sempre me lembro do que sonho, mas costumo guardar, ao abrir os olhos, sensações deixadas por essas tramas que parecem se costurar à minha revelia, aproveitando-se dos vestígios dos dias vividos, de lembranças e sensações que seguem flutuando, a circular pelo que somos, ainda que não sejamos, muitas vezes, capazes de nos darmos conta disso.
Mudar, no entanto, passa também por nos permitirmos sonhar acordados. Se não houver ousadia, aventura, há o risco de as possibilidades de transformação passarem despercebidas, ainda que diante dos olhos, ao alcance das mãos.
Mudar, no entanto, passa também por nos permitirmos sonhar acordados. Se não houver ousadia, aventura, há o risco de as possibilidades de transformação passarem despercebidas, ainda que diante dos olhos, ao alcance das mãos. E é preciso dar o primeiro passo, colocar-se no fluxo virtuoso do que se inquieta, inspira e expira energia, na busca pelo deslocamento como algo indissociável da condição de estar vivo, em consonância com o universo, do qual fazemos parte. Dele, somos prova de existência, em toda nossa relativa, e aparente, desimportância.
Erra quem confunde mudança com rupturas traumáticas. O senso comum, na pressa, muitas vezes só acredita no novo que nasce a partir do confronto, da quebra, esquecendo que, como as folhas lentamente mudam de cor, anunciando a chegada de uma nova estação, o que é profundo, e verdadeiro, precisa de tempo para se alterar, e nunca deixa de ser completamente o que um dia foi. Mas se altera, transforma-se, porque é inerente à vida, e necessário.
Mudar, portanto, é sonhar.