No último domingo, por várias horas, nos tornamos um pouco lunáticos e nos rendemos à magia imemorial desse satélite fascinante, capaz de alterar marés e, talvez, destinos, inspirar poetas, desencadear paixões, e dar muito mais sentido ao planeta Terra, sempre a nos lembrar que não estamos sós a bordo dessa nave.
Como um imenso olho do universo, a observar o mundo fixamente, a Lua desencadeou um encantamento coletivo intenso, talvez porque, durante o período em que permaneceu soberana a flutuar sobre nós, evidenciou camadas profundas de nossa humanidade, muitas vezes soterradas pela racionalidade banal de quem tudo tenta explicar por medo do desconhecido, esse mar sem fim que não devemos temer.
Como um imenso olho do universo, a observar o mundo fixamente, a Lua desencadeou um encantamento coletivo intenso, talvez porque, durante o período em que permaneceu soberana a flutuar sobre nós, evidenciou camadas profundas de nossa humanidade, muitas vezes soterradas pela racionalidade banal de quem tudo tenta explicar por medo do desconhecido, esse mar sem fim que não devemos temer. Melhor zarpar, navegar pelos mistérios que não dominamos.
Hipnotizados, nos tornamos, diante daquele espetáculo gratuito, seres naturais, conectados com a vastidão do invisível. O gigantesco disco prateado, que vi da sacada de meu apartamento me fez, ironicamente, voltar meu olhar também para dentro, mergulhar em sentimentos profundos, intensos, bordados em meu coração, e desatar alguns nós. Como um balão que se desamarra da materialidade do chão, para se deslocar no tempo e no espaço, em direção de meus desejos mais profundos.
Fui, naquelas poucas horas, índio, trovador, alquimista, astrônomo, astrólogo, mago e águia. Tudo ao mesmo tempo naquele instante de encantamento no qual eu vi a Lua no céu, a senti dentro de mim, deitado no chão da sala, e sonhei acordado com o paraíso, iluminado dentro de mim na noite de domingo.