A melhor forma de viajar pela vida é caminhando. As rotas que percorremos a pé, com os olhos a explorar a paisagem sem pressa, nos permitem mergulhos diversos. Vão da observação de detalhes arquitetônicos, somente visíveis da perspectiva de quem anda, às minúcias ofertadas pela natureza, tão rica em espetáculos minúsculos, à disposição de quem se propõe a esticar o olhar na ponta dos pés. Mas, talvez, a jornada mais instigante seja aquela que empreendemos dentro de nós mesmos, ao interagirmos com o que enxergarmos quando estamos em trânsito, deslocados.
A melhor forma de viajar pela vida é caminhando. As rotas que percorremos a pé, com os olhos a explorar a paisagem sem pressa, nos permitem mergulhos diversos. Vão da observação de detalhes arquitetônicos, somente visíveis da perspectiva de quem anda, às minúcias ofertadas pela natureza, tão rica em espetáculos minúsculos, à disposição de quem se propõe a esticar o olhar na ponta dos pés.
Ao chegar a uma cidade, e pouco importa se é um lugar novo, ou um local já antes muitas vezes visitado, procuro obedecer a um ritual não formalizado, mas que se repete quase organicamente na minha vida de viajante. Tento, antes de tudo, colocar-me o mais confortável possível: vestir calçados que abracem meus pés, roupas de alguma forma adequadas à temperatura ambiente e, principalmente, busco resgatar em mim a vontade de descoberta, aquela que faz o coração bater um pouco mais rápido, e gerar uma ansiedade boa, de quem está disposto a ser surpreendido ao dobrar uma esquina, ao trocar olhares com o desconhecido.
Após algumas tantas viagens ao longo da vida, aprendi que nunca voltamos ao mesmo lugar, ainda que lá já tenhamos posto os pés muitas e muitas vezes. Jamais somos os mesmos, e as transformações, mesmo as mais sutis, talvez imperceptíveis no cotidiano, se revelam mais evidentes quando viajamos, e nos vemos desprotegidos pela rotina. Talvez por isso seja tão importante esse colocar-se à disposição de um mundo onde as pessoas constituem um outro tipo de paisagem fascinante.
Costumo ir para a rua com a disposição de colocar minhas convicções à prova. Tento me reencontrar como um esboço, um rascunho do que acredito ser. Nunca estamos completamente prontos – ainda bem! – e viajar nos propicia essa visão mais clara do quanto temos a aprender sobre nós mesmos e a respeito dos lugares que percorremos, que também se redesenham, ainda que tenham séculos de existência. Esse estar longe, por ironia, nos aproxima de uma essência da qual esquecemos um tanto no repetir do dia a dia. Por isso, viajar é preciso.