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Home Crônicas Yuri Al'Hanati

Anatomia da ansiedade

Yuri Al'Hanati por Yuri Al'Hanati
7 de maio de 2018
em Yuri Al'Hanati
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"Anatomia da ansiedade", crônica e Yuri Al'Hanati.

Imagem: Reprodução.

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O coração bate um pouco mais rápido do que o habitual, mas isso não é sentido de primeira. Antes de mais nada, é o oxigênio que se respira que, de uma hora para outra, parece insuficiente para preencher o sangue do corpo. Movimentos de inspiração se tornam fracos, e os de expiração ganham presença, como se a vontade do ar fosse abandonar a prisão orgânica que o transforma em gás carbônico. O diafragma faz um esforço maior, dessa vez consciente, e o peito infla sem muito resultado, como se bombeasse um colchão inflável furado. Consequência disso é que a expiração também se torna mais forte, o que faz com que menos ar circule nas artérias. Logo, as tentativas de respirar melhor dão lugar a um arfar constante, que enfim acelera o coração até um estado mais perceptível e termina por cansar todos os músculos envolvidos no processo. Respirar passa a ser um exercício doloroso, e eventualmente se faz pura e simplesmente por não ser possível agir de outra forma. Respiramos contra nossa vontade.

Na cabeça, a falta de oxigenação adequada começa a criar aberrações sinápticas que converte o caldo morno do pensamento cotidiano em um fervilhante caldeirão de extremos. Mais uma vez contra nossa vontade, nos vemos convertidos em teóricos da conspiração de nós mesmos, encontrando pistas e provas que corroborem as conclusões pirotécnicas para as quais nos precipitamos antes de mais nada. O universo desloca seu centro para o meio do umbigo luminoso, em torno do qual tudo orbita em simplificações occanianas de raiva, remorso, inveja e outras pequenezas da alma. Um estado súbido de falso esclarecimento acomete a consciência, e diante dele, o corpo se contorce em reações fisiológicas a sentimentos negativos.

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O coração bate um pouco mais rápido do que o habitual, mas isso não é sentido de primeira. Antes de mais nada, é o oxigênio que se respira que, de uma hora para outra, parece insuficiente para preencher o sangue do corpo.

A parte carnal que nos cabe reage violentamente em forma de compulsão. Precisamos preencher a sensação que não sabemos exatamente o que é, mas suspeitamos ser um vazio atroz e repetino. Escolhido o veneno, vamos a ele com a sede dos desertos até que tudo isso que estamos sentindo seja suplantado pela exaustão do vício. A solução é paliativa e eventualmente se torna um hábito corrente em situações similares. Agora já são dois problemas juntos, e já estamos cada vez mais ocos, cada vez mais neuróticos e cada vez mais abandonados. Soluções rápidas incluem barbitúricos e saco plástico, pular dessa janela, enfiar a cabeça no fogão ou se jogar na frente de um ônibus. Não se sabe onde o espírito está nessa hora, mas parece fazer sentido como nunca. Felizmente, o corpo se torna cônscio na maioria das vezes em que inicia qualquer movimento consciente para este fim. Desistimos. Ainda estamos vivos. Respirando mal e na merda, mas vivos.

Até que de repente a coisa vai embora da mesma maneira misteriosa que veio. A sensação é de quase normalidade, os músculos do sistema respiratório desistem de seu protesto de nervos, e o ar entra e sai com a tranquilidade de antes. Alguns pensamentos perduram, mas são procrastinados pela mente em favor de algo menos angustiante. Uma esperança nos vem em cores pastéis quase vivas, como em um filme de David Lean. Nos sentimos estúpidos, mas momentaneamente medicados pelo corpo. Tomamos decisões mais certas do que a compulsão, e optamos por dormir ou ver os amigos. Mais um dia de sobrevivência. Já passou.

Tags: ansiedadeCoraçãocrônicadepressão disturbios psicologicosParanoiapensamentosrespiraçãosuicídio
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