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Das crônicas que não escrevi

Yuri Al'Hanati por Yuri Al'Hanati
22 de março de 2021
em Yuri Al'Hanati
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Das crônicas que não escrevi

Imagem: Reprodução.

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Uma vez li – não me perguntem onde, puxa vida, minha memória já não é lá essas coisas e boa parte da informação desimportante foi lavada ao longo dos anos pelo álcool – um artigo de literatura em que o autor desencorajava certos temas a escritores iniciantes que porventura estivessem pensando em sua grande estreia sob o signo do clichê. Não escreva sobre seu cachorro de estimação (Marley & Eu era um clássico atemporal naquela época), não escreva sobre sua própria família ou seu próprio câncer – ninguém se importa, mesmo que você esteja morrendo, o texto, cruel e indiferente, dizia ao aspirante a autor repleto de bons sentimentos e vivências.

E eu, que, na falta de conselho mais incisivo voltado aos cronistas, escrevi sobre tudo, meu deus: crônica de ônibus, de vizinho, de estranho na rua, de falta de assunto, de silêncio, de tudo. Um único assunto clichê ainda permanece inexplorado por essa pena torta e insistente: a crônica do mendigo. Você conhece o roteiro: o cronista, flanando atento e de peito aberto ao que apareça na rua, tem um encontro inusitado com um outro ser humano, mas tratado como um ser das profundezas, invisível em meio à metrópole impessoal e ao vai e vem das gentes sem tempo para o aroma das flores dos canteiros. Um pedido tímido, um olhar mais detido sobre onde nunca antes se deteve nada e aí está. Uma dádiva, o mendigo recebe a atenção do cronista, o maior dos presentes aos olhos dos leitores fãs, que sonham em serem descobertos por alma tão sensível.

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E eu, que, na falta de conselho mais incisivo voltado aos cronistas, escrevi sobre tudo, meu deus: crônica de ônibus, de vizinho, de estranho na rua, de falta de assunto, de silêncio, de tudo. Um único assunto clichê ainda permanece inexplorado por essa pena torta e insistente: a crônica do mendigo.

(Nota de rodapé, só que no meio do texto: todo e qualquer ser vivente que já empunhou um teclado e teceu ali suas três dezenas de linhas puxadas pelo sabor e pelo engenho da mente e da imaginação já se deparou com alguém capaz de jurar aos quatro cantos e a quem estiver disposto a ouvir que sua própria vida daria um livro. “Você sabia que eu dirigi Uber por dois anos e depois fui socorrista no interior de Minas Gerais? É cada história pra te contar”, diz o desejoso objeto biografado).

O mendigo é o presente do cronista para as massas ilustradas, o diamante bruto narrativo ao alcance de todos, mas apenas desvelado pelo coraçãozinho bom de quem se dispõe a se agachar ao nível do chão para trocar meia dúzia de palavras com quem é meramente ignorado ou escorraçado por aí. A crônica do mendigo é o traço distintivo que separa o artista do reles mortal – não é isto a crônica, afinal? Um olhar sobre o óbvio que não nega sua subjetividade e que oferece sua perspectiva diante do ponto de fuga do inconsciente coletivo? Então por que não, afinal? Vai que emplaca um Jabuti ou qualquer outra premiação que se digne a distribuir troféus entre cronistas (notoriamente invisível como um mendigo da literatura). O maior dos vampirismos sociais – extrair de quem anda sobre o mundo sem nada oferecer a quem quer que seja, eis um feito

A crise econômica se agrava. A população de rua aumenta. Quanto tempo aguentaremos sem uma nova crônica?

Tags: assuntocrônicacrônicasmendigotema
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