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Losing my religion

Yuri Al'Hanati por Yuri Al'Hanati
29 de junho de 2020
em Yuri Al'Hanati
A A
"Losing my religion", crônica de Yuri Al'Hanati.

Imagem: Pierre Verger.

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Quando uma entidade sobrenatural se manifesta pela primeira vez em um terreiro de umbanda, marca-se o início de um longo processo que pode terminar ou não fazendo com que seja uma presença constante na casa e dê as consultas solicitadas. Primeiro o cavalo sente uma vibração diferente, que não sabe dizer o que é a não ser, talvez, a filiação da falange, a depender do momento da gira em que ocorre a manifestação. A partir daí a entidade ganha movimentos menos brutos, mais sincronizados com o cavalo, ganha voz, periodicidade e, por fim, um nome e um ponto, um desenho riscado com uma pemba em uma tábua de madeira. Quando a entidade “firma seu ponto”, passa a ser uma manifestação regular do terreiro na respectiva gira e, com o tempo, pode vir a dar consultas e ter um ou dois cambonos, que a auxiliam nos trabalhos espirituais.

Fiz essa abertura porque acho que a umbanda oferece um desenvolvimento claro e visível a uma faceta da espiritualidade do religioso, que é similar ao ateísmo que vem se manifestando em mim de uns tempos para cá. Filosoficamente, o ateísmo é uma postura espiritual que se define pela negação, o que seria contraditório sem um contexto generalizado de afirmação. Ver o recente recrudescimento e avanço das pautas cristãs no legislativo do país, a promiscuidade de seus agentes na vida pública e as crescentes denúncias de abuso sexual por parte de líderes espirituais fez um “não” bonito nascer em meu peito. Não é mais possível separar a espiritualidade do controle político e social que a religião – qualquer religião – impõe. Deve ter sido algo próximo desse raciocínio que fez Marx afirmar que a crítica à religião é a premissa de toda crítica em sua Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel. O mar de falsas esperanças com que qualquer um pode se esbaldar sempre que faltar a coragem necessária para a realidade crua é um perigo ao qual sempre deve estar atento. Durante a pandemia do Coronavírus, não faltaram otimistas em afirmar que tudo era parte de um plano maior de expurgo da humanidade – de Deus a Pachamama, alguém haveria de vigiar nossas ações e, tal qual Papai Noel, nos recompensar ou castigar de acordo com o desempenho individual.

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Durante a pandemia do Coronavírus, não faltaram otimistas em afirmar que tudo era parte de um plano maior de expurgo da humanidade – de Deus a Pachamama, alguém haveria de vigiar nossas ações e, tal qual Papai Noel, nos recompensar ou castigar de acordo com o desempenho individual.

Praticar o ateísmo no Brasil é uma tarefa dificílima diante da imensa lavagem cerebral a que o brasileiro, esse religioso vocacional, é submetido desde a primeira idade. A despeito da pobríssima espiritualidade de meus pais, fui batizado e encarei algumas aulas de catequese antes de desistir da ideia. Frequentei grupo jovem, centro espírita, terreiro de umbanda, li alguma coisa a respeito de Aleister Crowley, Zaratustra, Sidarta e outros nomes exóticos do tipo. Volta e meia me pegava fazendo o sinal da cruz quando o avião balançava e esse tipo de manifestação tosca de uma religiosidade que se embrenha na alma pela fenda do medo. O pecado, o castigo, a urucubaca, os milhares de filmes de terror sobrenatural, tudo ajuda no fórceps da religião. É preciso lembrar-se constantemente de que não há nem nunca houve nenhum deus, ou, pelo menos, não o que se convenciona chamar de deus por aí. O que escala pedófilos para o Vaticano, ou o que coloca leucemia em crianças, ou mesmo aquele dos livros, obcecado por castigos e cego pela sede de poder e obediência. Nem mesmo uma “força criadora”, uma “energia”, ao que quer que atribuam o design inteligente – tão inteligente na construção de nossos corpos que coloca um parque de diversões num esgoto, por exemplo.

O ateísmo começa como uma raiva, uma inconformidade, e termina numa paz, a tranquilidade de viver a experiência como algo único, irreproduzível e impostergável. Se a vida de verdade está em outro plano, onde está a pressa em chegar lá o quanto antes? Por que insistir nesse arremedo de vida que experimentamos em ônibus lotados e boletos vencidos? No fundo ninguém é tão bobo a ponto de acreditar nisso. O ateísmo é o único ato de fechar os olhos que permite enxergar melhor.

Tags: ateísmocrônicaDeusespiritualidadeReligião
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