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Home Crônicas Yuri Al'Hanati

O terrível bar de portinha

porYuri Al'Hanati
9 de abril de 2018
em Yuri Al'Hanati
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O terrível bar de portinha

Imagem: Kato/Reprodução.

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Dentre todos os exploradores do capitalismo, o que mais se destaca, com uma larga vantagem sobre os demais, é o dono de bar de portinha. Você conhece o bar de portinha: aquele cubículo de 20 metros quadrados em que um caixa e dois tiradores de chope trabalham num ritmo de sweatshop para abastecer uma calçada abarrotada de jovens sedentos, espremidos e de pé.

IPTU de imóvel grande, garçons, limpeza, manutenção de cadeiras e copos, ambientação, música ao vivo, uma mera TV de plasma passando um futebol ou alguma bobagem vida-mansa-radical estilo Canal Off: nada. O bar de portinha mantém um negócio lucrativo com um pequeno painel de senhas, copos de plástico e duas caixas de som tocando uma playlist genérica de um plano gratuito do Spotify — os mais generosos colocam algum tipo de cerveja artesanal para criar um clima mais refinado.

E quanto ao público? Bom, o dono de bar de portinha conhece a necessidade irracional dos jovens de se colocarem em situações desconfortáveis em grupo e por horas a fio (você pode contar quantas pessoas com mais de 40 anos você conhece que se dão ao trabalho de acampar com os amigos). Filas intermináveis em festivais alternativos, banheiros químicos, boates sufocantes, caravanas em vans fedorentas para shows em outras cidades e toda a cultura de albergue europeu sintetizam o espírito que torna uma calçada em frente a uma portinha uma mina de ouro.

Dentre todos os exploradores do capitalismo, o que mais se destaca, com uma larga vantagem sobre os demais, é o dono de bar de portinha.

Vento gelado, a dor nas pernas, o cheiro de cigarro para todo lado, o hip-hop melódico que ressoa das caixinhas alimentam o espírito de quem teme a velhice e foge da ideia de ter uma conversa civilizada em voz baixa sentado em uma mesa confortável tomando uma bebida igualmente aprazível como o Diabo foge da cruz. Se o sistema explora fraquezas, e nenhuma é maior do que o medo da morte, eu diria que estamos bem cobertos.

Alguém defenderá esse sistema com base na sinergia da calçada, o anonimato confortável da multidão, a vantagem econômica de se embebedar de chope artesanal com menos de R$ 80. Alguém intercederá em nome da pequena iniciativa e invocará a altíssima taxa tributária brasileira, a CLT atrasada, o pato de borracha da FIEP, John Stuart Mill e a virgem Maria. Tudo pode ser válido sob a ótica relativista e verificarão que este cronista será o primeiro a interceder pelo homem pequeno. Quem sabe até me encontrem no meio daqueles na semana que vem. Mas hoje, diante deste frio desta noite em que escrevo, deste cansaço acumulado pelos anos e deste mercúrio retrógrado, meu reino é por uma poltrona acolchoada e uma boa garrafa de vinho. Pelo menos um coquetel bem feito, vá.

Tags: Bar de portinhacapitalismochope na calçadaCrônicaCultura jovemJuventudemedo da mortevelhice

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