Começou, na noite desta quarta-feira (10), a 17ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) e fica na cidade até dia 14, domingo. Nesta edição, a festa experimenta um formato: mesas mais curtas, de 45 minutos, intercaladas com as mesas comuns do evento, que têm pouco mais de uma hora.
Além da programação oficial, o evento conta com 27 casas parceiras cadastradas, outras programações paralelas, como a Festa Literária das Editoras Independentes no Navio Pirata e a Casa Fantástica, e uma competição de Slam com poetas internacionais.
Com a intenção de aumentar a participação feminina na programação da Flip desde 2016, a 17ª edição conta com mais da metade de de convidados mulheres. São 22, mesmo número de convidados nacionais.
O homenageado do ano é Euclides da Cunha, conhecido principalmente pela publicação de Os Sertões em 1902, primeiro livro-reportagem brasileiro que retrata a Guerra de Canudos. Tal obra é vasta na quantidade de páginas e nos reflexões que suscita. A edição da Ateliê Editorial, com edição, prefácio e notas de Leopoldo M. Bernucci, é uma boa indicação para um primeiro contato com o texto.
Em primeiro lugar, o livro nos mostra a maneira com que Euclides trabalha a linguagem. Conforme escrito por Jorge Coli em uma matéria para a revista Quatro Cinco Um deste mês, Euclides tinha um “amor poético pela espessura das palavras” – uma postura quase hermética, como na relação com as letras K e Y. Para Coli, esse caráter mais rítmico da sua literatura é menos perceptível nas edições posteriores de onde há mudanças nas grafias das palavras.
Outro ponto que se torna latente durante a leitura do livro é o caráter científico da obra. Com um caráter distanciado e escrito com o racionalismo científico, característico ao positivismo, Cunha escreve um livro que “não é um romance. Quer-se história, sociologia, geologia, geografia, botânica, climatologia, antropologia: uma síntese científica”.
São muitas as passagens em que ele dá extensas descrições do terreno ou descreve de maneira minuciosa as teorias racistas, ditas científicas, que imperavam na ideologia da época. O seu estudo, com influências do Darwinismo Social e do Determinismo, sobre raças inferiores, superiores e as mestiçagens que surgem de seus cruzamentos é um dos pontos mais conhecidos do romance, visto a popularidade da frase: “o sertanejo é, antes de tudo um forte”.
O homenageado do ano é Euclides da Cunha, conhecido principalmente pela publicação de Os Sertões em 1902, primeiro livro-reportagem brasileiro que retrata a Guerra de Canudos.
As mesas da programação oficial são todas nomeadas de acordo com as regiões do sertão nordestino que são citadas no livro de Euclides, como Canudos, Cumbe e Uauá. Mas, pensando na extensa programação do evento, separei eventos e links que podem auxiliar quem pretende participar do evento – tanto para quem fica quanto para quem pretende fazer um “bate-volta”. Você também pode conferir todos os eventos na página dedicada ao evento no site oficial da cidade de Paraty ou no aplicativo oficial, lançado ontem e disponível para Android e iOS.
Perdido na Flip? Veja o mapa e a programação oficial, que começa nesta quarta
Pensando no horário próximo das mesas durante a Feira, a Folha de S. Paulo lançou um mapa com o endereço onde os eventos oficiais e as casas parceiras acontecem. São 38 pontos de interesse para quem vai visitar o evento. Eles também deixaram no fim da matéria a programação oficial completa.
Flip 2019: Conheça as cinco principais atrações da Festa Literária Internacional de Paraty
Nessa matéria, o G1 elencou a programação de acordo com as principais discussões do evento. São eles: Política e temas atuais, com questões como racismo e crise migratória; Mulheres e suas angústias, com autoras como Kristen Roupenia, Ayobami Adebayo e Jarid Arraes; Destaques internacionais, na presença de Ayelet Gundar-Goshe e David Wallace-Wells; Destaques brasileiros, contando com Adriana Calcanhoto, José Miguel Wisnik e José Celso Martinez Corrêa; por fim, as mesas sobre Euclides da Cunha, o homenageado.
Flip 2019: dicas da programação paralela
Como visto acima, a programação paralela está bastante extensa. O jornalista Guilherme Sobota separou em um artigo para o Estado de S. Paulo algumas das atrações da programação paralela que ocorre ao longo dos quatros dias do evento.
