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Home Literatura

‘Clube da Luta’, de Chuck Palahniuk: quando os punhos falam

A partir de 'Clube da Luta', de Chuck Palahniuk (1996), um mergulho na obra como se estivéssemos na consciência de um possível personagem.

porWalter Bach
7 de julho de 2016
em Literatura
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'Clube da Luta', de Chuck Palahniuk: quando os punhos falam

Chuck Palahniuk: "Não fale do meu clube". Imagem: Divulgação.

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A primeira regra do Clube é que você não fala sobre o clube.

A mesa está pronta, os clientes a serem enganados estão aqui, o chefe está de cara amarrada comigo por causa de umas lembrancinhas que eu trouxe, que me impedem de apresentar como a casa gostaria. Poderia ser apenas outro dia após o final de semana, outra semana contando os dias até chegar outra sexta-feira, na qual se pode ser estúpido enchendo a cara. É apenas vontade de voltar pro Clube.

Mas aí é que está. A primeira regra do Clube é que você não fala sobre o Clube. Esses machucados no rosto foram de uma queda andando de bicicleta, uma topada violenta na parede, uma batida em um poste, menos de lá. Ninguém pode saber que essa “ferida feia” no rosto (se o pessoal do escritório chamar assim fica até bonitinho) veio de uma porrada. Uma de verdade, não é força de expressão.

Poderia ser de uma expressão da força. Se é a sua primeira noite no clube, você tem que lutar. Sem camisas e sem sapatos, uma luta por vez. Duas pessoas por luta, e quando uma delas disser pare, é pare. É porque o cara atingiu a cota de pancada, tanto faz se ataca ou defende. Às vezes, para alguns, sentir o próprio sangue na boca é a expressão máxima de que algo está dando certo, se vai levar essa de lembrança pro resto do mundo ver – e apenas ver, será muito -, está descontando em algum lugar. Não dá pra dizer que a luta se encerra quando alguém apanhou demais, nem se há um vencedor, uma competição qualquer dessas.

O Clube é uma reunião de caras que estão ali porque souberam de algum jeito da existência dele, foram e não podem dizer que não sabiam onde estavam se metendo.

O Clube é uma reunião de caras que estão ali porque souberam de algum jeito da existência dele, foram e não podem dizer que não sabiam onde estavam se metendo, pois ali só existe uma língua: a luta. Um bando de caras na casa dos vinte ou trinta e alguns, talvez meia dúzia de gente criada principalmente ou apenas pelas mães; gente puta da vida com um trabalho do qual depende pra comprar o que não precisa, e talvez até saiba disso, mas a consciência de ser possuído pelas coisas que se tem não significa nada; uns poucos curiosos se fazendo de ingênuos, disfarçando vontades socialmente rejeitadas e as realizando onde não se fala, se bate. Nada disso importa depois que a luta começa.

Talvez os participantes tenham entendido que ali não existe julgamento moral se o cara resolve socar um corpo humano vivo em vez de uma tarefa mais “normal”. Se pisou no Clube, já pode ser considerado alguém fora do que a sociedade chamaria “normal” e “aceitável”. Isso aqui não pode ser o único clube, afinal. É muito difícil imaginar uma parcela mínima da sociedade que não aceite o próprio instinto e o direcione para algum lugar. Temos criminosos, rejeitados, pessoas comuns, trabalhadores, sim, e um pouco mais, e daí? Ninguém se importa.

Eu reconheço o cara encostado naquela parede do escritório, com pose de quem está disfarçando a ansiedade, olhando pra todos os cantos dessa sala maldita onde ele também está temporariamente trancado. Eu sei que esse cara vai se soltar, espancar alguém até ouvir “pare”, a menos que o oposto aconteça primeiro. Ele me olhou por aqui e também sabe disso, mantemos uma falsa cumplicidade por alguns segundos. O cara finge que esconde umas marcas no rosto, menos graves do que as minhas. Eu as conheço, já tive parecidas. Mas ninguém precisa saber a verdadeira origem delas. No clube, apenas uma língua; fora, a regra é clara: a primeira regra do clube da luta é que você não fala do clube da luta.

Tags: Chuck PalahniukClube da LutaCrítica Literáriacrônica literáriaficçãoLiteratura

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