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Szymborska sob o Sol

Em um poema aparentemente singelo, a autora polonesa Wislawa Szymborska revela muito de sua arte poética.

Luiz Henrique Budant por Luiz Henrique Budant
30 de julho de 2018
em Contracapa
A A
Szymborska sob o Sol

Imagem: Reprodução.

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Já tive oportunidade de escrever sobre Wisława Szymborska. Naquela ocasião, tentei mostrar que a Nobel polonesa escreve sobre temas deveras complexos como se estivesse brincando, jogando, porém, com regras muito precisas e, especialmente, usando o gracejo como um importante instrumento literário.

Hoje, gostaria de compartilhar um poema de Szymborska. O título, singelo apenas na aparência, é “Sob uma estrela pequenina”. Ele encerra o tomo Wszelki Wypadek (Todo o caso, de 1972), em que a autora especialmente investiga temas como acaso, destino e tempo. Em português, ganhou voz na tradução de Regina Przybycien e foi publicado no livro Poemas, publicado pela Companhia das Letras, em 2011.

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Depois de lermos “As cartas dos mortos” e sabermos que “tudo que previam aconteceu de modo totalmente diverso / ou um pouco diverso, o que é o mesmo que totalmente diverso”, depois das engraçadas implicações morais de “Um amor feliz” e, em todo caso, de nos espantarmos com o quanto de nossa vida é puro acaso, ainda que prefiramos chamá-lo “destino”, a autora se despede, sob uma estrela pequenina (embora 332.900 vezes maior do que a Terra), com um longo pedido de desculpas.

As muitas faces de Szymborska ainda renderão muitos sorrisos, algum choro e, sem dúvida, longas reflexões.

Os “destinatários” deste pedido de desculpas são os grandes temas que a poeta investiga em seu livro. Contudo, aparentemente, aqui o eu-lírico é apenas um ser humano “sob uma estrela pequenina” (talvez seja eu enxergando demais, mas há algo de “não há nada de novo sob o Sol” sob esta estrela pequenina).

A tudo se pede perdão. Ao acaso, à necessidade, aos mortos, ao mundo, aos desertos, “à árvore cortada pelas quatro pernas da mesa”, às grandes perguntas… Enfim, a tudo que o ousado eu-lírico quer tentar entender, mas que talvez seja humano demais para entender.

Encerrando o poema, surgem as seguintes frases:

“Não me julgues má, fala, por tomar emprestado palavras patéticas,
e depois me esforçar para fazê-las parecer leves”.

Temos em mão uma preciosa reflexão da poeta sobre seu próprio ofício. Neste momento, quero eu pedir desculpas às senhoras e aos senhores por citar aqui o original:

“nie miej mi za złe, mowo, że pożyczam patetycznych słów,
a potem trudu dokładam, żeby wydały się lekkie.”

Complexa é a tradução de “patetycznych słów”. Patéticas, sim, no sentido dicionarizado, mas pode causar alguma confusão ao leitor. Patetyczny, embora soe parecido (creiam-me, soa, apesar dos yy e do cz), não traz consigo a ideia de ridículo, pelo contrário, patetyczny é profundamente dramático, cheio de pathos (pensando bem, talvez consigamos chegar no ridículo se pensarmos que “todas as cartas de amor são ridículas”…).

Há uma oposição muito forte, na própria estrutura do poema, entre as “palavras patéticas” e o “fazê-las parecer leves”. A palavra é dramática, é cheia de pathos, é, pois, pesada; ao passo que o fazer poético tenta fazê-la parecer leve.

Szymborska faz isso ao longo de sua obra, faz uso de doses de ironia e, muitas vezes, de um humor que surge ninguém sabe bem de onde.

Contudo, o tom deste poema é distinto.

Aqui, as palavras-tema, personificadas e tratadas no vocativo (isso se percebe muito claramente quando lemos o original, pois a marcação do vocativo de palavras como “verdade”, “seriedade” e “segredo do ser” chega a soar pesada), dão um ar “dramático” ao poema, embora o eu-lírico trate de tentar imprimir nele leveza:

“Sinto muito, esperança açulada, se às vezes me rio.”
[…]
“Ature, segredo do ser, se eu puxo o fio de suas vestes.”

Gosto de entender o ar sério deste poema como autoironia e gracejo. Contudo, quando temos de lidar com uma poeta da estatura de Szymborska, precisamos estar sempre atentos, porque, quem sabe, estejamos lidando com aquilo que, há muito tempo, já nos alertou Fernando Pessoa em sua “Autopsicografia”:

“O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir ser dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm. […]”

As muitas faces de Szymborska ainda renderão muitos sorrisos, algum choro e, sem dúvida, longas reflexões.

Tags: análiseCompanhia das Letrascrítica literáriafernando pessoaliteraturapoesiapoesia polonesaWislawa Szymborska
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