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Home Literatura

David Grossman fenomenal em ‘O Inferno dos Outros’

porAlejandro Mercado
11 de outubro de 2016
em Literatura
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David Grossman

David Grossman. Foto: Kobi Kalmanovitz / Reprodução.

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Dono de uma das mais brilhantes literaturas da atualidade, a ponto de estar cotado ao Nobel de Literatura 2016 (um azarão, contudo), o israelense David Grossman é um escritor em que a paixão pela profissão se vê impressa em cada linha por si escrita. O incrível (e cruel) Fora do Tempo foi um registro único sobre sua experiência íntima com o luto através da morte do filho, capaz de causar um grande desconforto no leitor, o desconforto que apenas a grande literatura tem coragem para nos infligir.

O Inferno dos Outros (2016, 201 págs.), lançado pela Companhia das Letras, com tradução direta do hebreu de Paulo Geiger, consegue ser capaz de, novamente, tirar o leitor de sua zona de conforto. Grossman é um escritor a quem a literatura age como um mecanismo de reflexão minuciosa sobre si. Ele disseca sentimentos e impressões, por vezes contraditórias, sobre o ser humano e nossa insistência em sobreviver. Ele é um inimigo declarado dos lugares comuns, por isso, um aficcionado pelos detalhes e pelo que por vezes se esconde na narrativa do cotidiano.

Em O Inferno dos Outros, Grossman nos leva até a cidade israelense de Netanya, onde acompanhamos o show de stand-up comedy do humorista Dovale. Presentes estão apenas algumas poucas pessoas, além do juiz aposentado Avishai Lazar, seu amigo de infância. E ainda que os holofotes estejam sobre Dovale, é Lazar o responsável por nos guiar nesta obra desconcertante.

Grossman é um escritor a quem a literatura age como um mecanismo de reflexão minuciosa sobre si. Ele disseca sentimentos e impressões, por vezes contraditórias, sobre o ser humano e nossa insistência em sobreviver.

David Grossman nos apresenta Dovale como um humorista patético, quase incapaz de nos fazer rir. Alguém onde o senso comum parece residir a ponto de nos causar vergonha alheia. Contudo, as camadas do personagem vão sendo expostas com o passar das páginas, e a cada nova camada apresentada nós, leitores, somos atingidos por um desconforto imenso, não mais a vergonha, mas uma quase-culpa.

A história começa com Dovale aparecendo muitos anos depois na vida de Lazar, que carrega o amargor oriundo da viuvez e da consequente solidão. Ainda que incerto se esta era a melhor decisão, a curiosidade por trás das motivações de Dovale fazem com que Avishai vá ao show. Ele se senta em uma mesa um pouco afastada do palco, de onde consegue ter a visão completa daquele espetáculo modorrento.

O show começa, mas parece que não há nada além de um homem sem o mínimo resquício de graça em cima do palco. E é justamente aí que o autor nos pega descuidados. Toda essa ausência de humor, por vezes dosada com certas pitadas jocosas, esconde um universo sombrio na vida de Dovale. Seu monólogo se estende criando um constrangimento no público e no leitor que beira o insuportável. O público protesta, grita, vaia, enquanto o leitor pode se ver tentado a interromper um pouco a leitura. Acontece que há uma ânsia maior por compreendermos o que motiva o comediante a seguir expondo seus dramas, o que leva este personagem com uma infância miserável, marcada pelo luto e por uma constante humilhação a dividir seu sofrimento com um público tão hostil.

O Inferno dos Outros é um romance profundamente complexo e ousado, um mergulho nas idiossincrasias israelenses (e também judaicas) sem, no entanto, fazer disso um texto político, ainda que seja possível enxergar o desprezo do autor pelas políticas de extrema-direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e ao sionismo revisionista. Por fim, Grossman compartilha conosco um personagem muito próximo a si, inconsolável, vilipendiado, marcado por fantasmas os quais, muito provavelmente, sempre o acompanharão.

O Inferno dos Outros é uma literatura fenomenal. Dos melhores de 2016.

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Tags: Companhia das LetrasCrítica LiteráriaDavid GrossmanFora do TempoLiteraturaliteratura israelenseO Inferno dos Outros

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