Stanley Kubrick foi, sem sombra de dúvidas, foi um grandes gênios do cinema pós-guerra. Dono de uma personalidade e talento ímpares, seus filmes se tornaram sinônimo da excelência na sétima arte. Entre o homem e o herói, Kubrick, de Michel Ciment, publicado originalmente pela extinta Cosac Naify e relançado pela Ubu, investiga o artista em seus mínimos detalhes. Entrevistas com o cineasta, colaboradores e atores e ensaios do próprio Clement ajudam a responder algumas questões sobre o diretor, mas também fortalecem o mito que envolve Kubrick.
Para além dos lugares comuns ao se falar do diretor de Laranja Mecânica, Ciment tenta percorrer os mesmos caminhos que Kubrick, entender o seu processo criativo e o que levava às escolhas que fazia. É interessante pensar que a câmera fotográfica que ganhou de presente dos pais ainda criança se tornou a pedra fundamental para que despertasse para a arte. De fotógrafo freelancer da revista Look, Kubrick seria convertido em um midas do cinema – ainda que nem sempre conseguisse agradar público e crítica.
Suas obras, principalmente 2001: uma odisseia no espaço, Laranja Mecânica e Barry Lyndon, não foram assimilados de pronto: foram necessários anos para que ganhassem o status que têm hoje. Em certa medida, Barry Lyndon – com toda a sua complexidade dramática e de construção de época – ainda permanece no nevoeiro sem receber a atenção que merece. Suas produções noir, como O Grande Golpe – um de seus melhores filmes – e Medo e desejo são incógnitas para a maioria dos espectadores. A exceção seria Lolita, cuja produção precisou driblar os padrões morais da época.
Para além dos lugares comuns ao se falar do diretor de Laranja Mecânica, Ciment tenta percorrer os mesmos caminhos que Kubrick, entender o seu processo criativo e o que levava às escolhas que fazia.
Kubrick se debruça sobre a obra autoral do diretor, o que praticamente deixa de fora Spartacus, um projeto de Kirk Douglas com quem havia trabalho em Glória feita de sangue.
Perfeição
O livro não é uma sentença sobre um dos diretores mais geniais de todos os tempos, mas um olhar íntimo sobre sua a forma de enxergar o mundo e perceber o outro. Kubrick, ao lado de Hitchcock, talvez tenha sido um dos cineastas mais completos e complexos de todos os tempos.
Pensar a sua obra é, antes de tudo, imaginar a sua forma de fazer cinema, algo tão singular como poucos souberam fazer. O que teria feito depois de De olhos bem fechados? Impossível dizer. Quem sabe Napoleão, projeto que o perseguiu por anos sem nunca ser finalizado. Isso, na verdade, pouco importa, porque o que vale mesmo é o legado inestimável que Stanley Kubrick deixou.
KUBRICK | Michel Ciment
Editora: Ubu;
Tradução: Eloisa Araújo Ribeiro;
Tamanho: 368 págs.;
Lançamento: Setembro, 2017.
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