Na manhã da última terça-feira (15), a Câmara Brasileira do Livro (CBL) anunciou diversas mudanças para a 60ª edição do Prêmio Jabuti. Com a intenção de valorizar o prêmio e torná-lo uma referência para o mercado e para o leitor, o curador Luiz Armando Bagolin, professor da USP e ex-diretor da Biblioteca Mário de Andrade, foi um dos responsáveis pela reestruturação do prêmio.
Segundo Bagolin, o Prêmio Jabuti foi lançado como um celebração do mercado editorial para o mercado editorial. “Depois de seis décadas, passou a ser um importante ativo cultural da sociedade brasileira, ganhou autonomia”, afirmou. Hoje, “o Prêmio Jabuti é um prêmio do leitor brasileiro. Ele deve ser uma homenagem do mercado editorial brasileiro ao leitor, onde quer que ele se encontre”.
A primeira mudança é no Conselho Curador, parcialmente renovado e agora composto por Jair Marcatti, Mariana Mendes, Pedro Almeida e Tarcila Lucena. Uma das atividades que devem ser realizadas pelo Conselho é a formação do Júri. Mantendo a mesma forma que o ano passado, os jurados são indicados pela comunidade externa, como o mercado editorial, e o Conselho Curador tem a função de conferir a legitimidade da indicação, como os conflitos de interesse. De acordo com Bagolin, essa formação do júri permite uma pluralização e diminui a maioria acadêmica. “Os jurados devem, em primeiro lugar, ser bons leitores”, afirmou.
As alterações também procuram incentivar a presença do autor independente, já que eles têm modificado o cenário editorial. Em primeiro lugar, o autor sem vínculo com editora, desde os que publicam em plataformas como o Wattpad até os autopublicados pela Amazon, podem se inscrever por um valor menor do que os outros – R$327 contra R$430. No entanto, o valor mais baixo de inscrição é dos associados, que pagam R$285. Além disso, o recebimento dos livros passa a ser exclusivamente em formato eletrônico, com exceção das categorias que avaliam aspectos físicos do livro. Apesar disso, existem limitações para essas facilidades, como a obrigatoriedade do formato em PDF e a regulamentação da Lei do Livro, que exige ISBN e Ficha Catalográfica na publicação.
De acordo com Bagolin, essa formação do júri permite uma pluralização e diminui a maioria acadêmica. ‘Os jurados devem, em primeiro lugar, ser bons leitores’, afirmou.
No quesito das categorias de premiação também houve mudanças. Junto da premiação de Livro do Ano e de Personalidade Literária, o novo formato do Prêmio Jabuti organiza 18 categorias sob quatro eixos e agrupa antigas categorias em áreas maiores. O primeiro eixo é o Literatura, que comporta as categorias Romance, Poesia, Conto, Crônica, Infantil e Juvenil, Tradução e HQ. A segunda divisão comporta os livros de não-ficção sob o título Ensaios e tem as seguintes categorias: Biografia, Humanidades, Ciências, Artes e Economia Criativa – na mesma linha do júri menos acadêmico, os livros mais técnicos devem ficar de fora dessa categoria.
Os últimos dois eixos são grandes focos na reestruturação do prêmio. Com a valorização do livro-objeto, o núcleo Livro abriga as categorias Projeto Gráfico, Capa, Ilustração e a categoria nova, Impressão, criada com o intuito de preencher uma lacuna existente nas outras edições. Segundo Bagolin, “O jovem gosta do livro impresso”, o que faz com que ele seja “uma ferramenta muito importante no estímulo e na preparação dos novos leitores”. Essa preocupação com a formação do público leitor no Brasil é vista também no eixo Inovação, que tem a premiação para Livro Brasileiro Publicado no Exterior e uma nova categoria, Formação de novos leitores, que procura ações vitoriosas na formação de leitores e que, na maioria dos casos, estão regionalizadas.
Por fim, diversas medidas foram tomadas para aumentar a competitividade e o valor simbólico do prêmio. Em primeiro lugar, a CBL passa a anunciar dez finalistas em cada categoria e, somente na cerimônia de premiação, os primeiros colocados são revelados, sendo eliminados os segundos e terceiros lugares. Além disso, os vencedores passam a receber R$5.000,00, ao invés dos antigos R$3.500,00. A premiação do Livro do Ano também sofreu ajustes. Anunciando apenas um vencedor, o prêmio agrupa ficções e não-ficções inscritas nos eixos Literatura e Ensaios e tem o valor aumentado para R$100.000,00.
De acordo com Bagolin, “o Prêmio Jabuti foi se tornando carne de vaca, todo mundo estava ganhando”. Então, para que o prêmio se torne competitivo em relação aos outros, a valoração financeira não é o suficiente. “No momento em que eliminamos os segundos e terceiros lugares e que o anúncio dos ganhadores é feito numa única ocasião, você aumenta a competição e aumenta o valor simbólico”, afirmou o curador.
As inscrições estão abertas até o dia 28 de junho e a premiação final acontece no dia 8 de novembro, às 19h, no Auditório do Ibirapuera. Para acessar o regulamento, clique aqui.