Para alguns amantes de revistas, folhear uma delas comprada na banca ou recebida em casa, por assinatura, ainda é um grande prazer, mas a verdade é que, com a migração dos veículos de comunicação do meio impresso para o meio digital, cada vez menos exemplares físicos vêm sendo vendidos e começamos a nos perguntar qual será o futuro das revistas. Muitos apostam na extinção desse meio, alguns se penduram na nostalgia do público e o apreço pelo conteúdo físico. Mas afinal, qual é a alternativa que grandes revistas vêm encontrando para navegar nesse oceano desconhecido e altamente tecnológico?
Uma tendência forte que o mercado vem apontando é a aposta em transformar a revista em uma espécie de livro. Ela irá se tornar um exemplar colecionável e possivelmente mais caro, que tem uma sazonalidade maior, ou seja, é publicada com um intervalo de tempo mais longo entre uma e outra edição. Isso diminui os custos com a redação, já que menos jornalistas são necessários para produzir o material, e reduz os custos com a gráfica, já que os exemplares são impressos com menos frequência.
Ela irá se tornar um exemplar colecionável e possivelmente mais caro, que tem uma sazonalidade maior, ou seja, é publicada com um intervalo de tempo mais longo entre uma e outra edição.
Um exemplo muito claro é a revista Helena. Quando peguei a última edição em mãos cheguei a me questionar se era uma revista ou um livro. Isso porque a Helena é uma revista com muitas páginas, que só é publicada quatro vezes por ano, traz colunistas renomados e tem um cuidado com a diagramação impecável. Na Helena, nada é feito às pressas como nas antigas revistas semanais.
Além disso, para se tornar um “livro”, as revistas vêm tornando o conteúdo cada vez mais nichado e exclusivo, ou seja, os jornalistas escrevem a matéria sobre o que você se interessa e com um conteúdo que você não encontrará em nenhum outro lugar. Tudo isso, através de grandes reportagens, entrevistas com personagens desconhecidos, e com um filtro aguçado e sofisticação que superam o conteúdo de blogueiros e youtubers. É o que tem feito a Monocle, revista britânica focada na classe A. E essa fórmula funciona! Assim como funciona para revistas científicas, gastronômicas e de outros interesses específicos.
Entre uma edição e outra a revista desaparece aos olhos do leitor?
É exatamente nesse meio-campo que o universo digital mostra suas caras. A revista deve se manter ativa e engajada com os seus leitores durante o ano todo. Um bom exemplo é o que a revista Elle fez neste ano, em seu aniversário de 30 anos, quando investiu em uma estratégia ousada para levar a revista parcialmente para o on-line.
A estratégia adotada foi a seguinte: revistas normalmente possuem um tema em cada edição, como “Casa e Família”, “Bem-estar”, etc. A Elle levou essa mesma linha para seu site, onde, a partir de agora, irá se dedicar a produzir conteúdos ligados a um assunto amplo a cada mês. Por exemplo, a do último mês foi Astrologia, a desse mês é Ageless.
Outra estratégia ligada ao mundo digital é a criação de softwares como o GoRead (uma espécie de Netflix das revistas), onde você pode acessar e folhear digitalmente dezenas de revistas diferentes por um preço fixo por mês. É claro que apenas colocar o pdf de uma linguagem impressa no meio online não resolve todos os problemas – e confesso, no meu caso, tornou a leitura extremamente truncada -, mas não deixa de ser um grande passo quando pensamos na transposição para o digital.
Olhando em perspectiva, já podemos dizer que o leitor procura uma revista que “pare em pé”, que seja densa e ricamente ilustrada. Um produto para ser apreciado sem pressa. Que seja colecionável e, ao mesmo tempo, esteja ativa nas redes sociais, informando e entretendo. Não será tarefa fácil para os futuros jornalistas, estamos ansiosos para ver o resultado.