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Home Literatura

‘A Casa na Rua Mango’ e a condição de exílio perpétuo

Em ‘A Casa na Rua Mango’, Sandra Cisneros investiga suas próprias cicatrizes para criar romance único sobre identidade e pertencimento.

porJonatan Silva
30 de julho de 2021
em Literatura
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Detalhe da capa de 'A Casa na Rua Mango'

Detalhe da capa de 'A Casa na Rua Mango'. Imagem: Luíza Zardo.

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Os homens e mulheres latinos parecem viver sempre na condição de exilados. Se permanecem em seus países é como se estivessem apartados do mundo – basta ver o retrato que os livros e filmes fazem das pessoas e lugares. Quando imigram, a situação é ainda pior. Em A Casa da Rua Mango, de Sandra Cisneros, americana filha de mexicanos, é um tratado sobre não pertencer a lugar algum e ter raízes no ar.

A jovem Esperanza é a síntese de todos esses contrastes culturais e sociais. Nascida e criada nos Estados Unidos, esse não é o seu país – assim como o México também não é – e a adolescente está em constante estado de suspeição. Seus traços mexicanos são uma barreira contra o American way of life, seu nome é uma redoma de vidro que a separa de outros jovens e o bairro em que mora é uma vizinhança barra pesada dominada pelo preconceito e pelo instinto de sobrevivência.

O romance, escrito em forma de pequenos fragmentos, revela o caráter episódico do cotidiano de Esperanza, que vadeia as ruas à procura de um sentimento capaz de ser sinônimo do seu próprio nome. Tamanha é sua desconexão que deseja mudá-lo. “Algo como Zeze X serve”, diz. Transitando entre a infância e a idade adulta, a narradora cria um discurso leve – quase ao pé do ouvido – para falar sobre dor, inadequação, privação e solitude.

O romance, escrito em forma de pequenos fragmentos, revela o caráter episódico do cotidiano de Esperanza.

No texto que abre o livro, à guisa de preparar o leitor para essa jornada de beleza e inquietação, Cisneros compartilha algumas de suas impressões pessoais a respeito de como é se sentir, predominantemente, em estado de flutuação.

A Casa na Rua Mango é um reflexo íntimo da escritora, uma tentativa – muito bem-sucedida – de expurgo e de reconstrução. É um caminho duro entre a realidade e ficção, que revela as escaramuças mais sombrias e devastadoras.

“Não é que eu quisesse trabalhar. (…) Eu precisava de dinheiro. (…)
Eu pensei que encontraria um trabalho fácil, do tipo que as outras meninas tinham, trabalhando na loja de 1,99 ou talvez numa carrocinha de cachorro-quente.”

De alguma forma, a autora consegue conceber um O apanhador no campo de centeio da mulher latina. Como a obra de Salinger, A Casa na Rua Mango é um romance de formação. Em ambos os casos, os autores refletem sobre os seus: Salinger investiga as consequências da Segunda Guerra Mundial no americano médio e Cisnesros se debruça sobre a nação de exilados que vivem como se não existissem de verdade.

E como Holden, Esperanza ainda é atualíssima. Seus dramas e dilemas ainda são os mesmos que de muitos meninos e meninas que não se sentem em casa. E talvez jamais possam se sentir. A Casa na Rua Mango é uma das mais belas narrativas sobre identidade e pertencimento e só faz sentido porque a sociedade não consegue evoluir.

A CASA NA RUA MANGO | Sandra Cisneros

Editora: Dublinense;
Tradução: Natalia Borges Polesso;
Tamanho: 144 págs.;
Lançamento: Maio, 2020.

Tags: A Casa na Rua MangoBook ReviewCrítica LiteráriaDublinenseJ. D. SalingerLiteraturaO Apanhador no Campo de CenteioResenhaSalingerSandra Cisneros

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