• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Literatura

Ernani Ssó e o vazio é ‘Como o Diabo Gosta’

'Como o Diabo Gosta', terceiro romance de Ernani Ssó, trata o vazio na perspectiva de um personagem que não sabe viver só.

porAlejandro Mercado
25 de janeiro de 2016
em Literatura
A A
Ernani Ssó e o vazio é como o diabo gosta

Ernani Ssó. Imagem: Lauro Alves.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

Você conhece a sensação de vazio? Vazio existencial mesmo, aquele que nos vemos procurando o preenchimento com nomes, rostos, bocas, corpos, amores improváveis e álcool. Conhece? Um dos últimos lançamentos da agora finada Cosac Naify, Como o Diabo Gosta, obra do escritor gaúcho Ernani Ssó, é vazio, ou nos deixa vazios, ainda não defini muito bem a sensação deixada por seu terceiro romance. O autor, muito conhecido por suas traduções (como a de Dom Quixote para a Companhia das Letras), retornou dezessete anos após O Emblema da Sorte nos trazendo Camilo, o protagonista desesperançado de sua obra.

Camilo é um personagem complexo. Sua construção talvez seja melhor que a obra em si. Ele é conflituoso, um tanto niilista, mas absurdamente existencialista. Ou seja, contraditório como a própria vida e suas infinitas possibilidades. Sua angústia em aceitar a ausência de Bruna, sua musa, seu amor, sua inspiração, origina um vazio, uma obscuridade, uma depressão latente, a qual ele procura esvaziar em copos, em maconha, em sêmen.

Em Como o Diabo Gosta, Ernani Ssó nos convida a um passeio por Porto Alegre. Mas uma Porto Alegre que não se desnuda, não se escancara, apenas se insinua, fazendo com que consigamos construir uma cidade alternativa em nossa cabeça, ainda que saibamos que se trata (ao menos na literatura) de uma cidade física, existente, real. Camilo, o personagem, faz algo semelhante com sua Bruna. Ela existe, ou ao menos ele quer que creiamos que ela exista. Acontece que, tal como na situação da cidade, Bruna é “alternativa”, é encontrada em outros nomes, em outros corpos. Instintivamente, Camilo precisa preencher essa lacuna, e o faz com várias pessoas. Não necessariamente mulheres, não necessariamente de forma sexual, mas essencialmente de forma superficial.

Sua angústia em aceitar a ausência de Bruna, sua musa, seu amor, sua inspiração, origina um vazio, uma obscuridade, uma depressão latente, à qual ele procura esvaziar em copos, em maconha, em sêmen.

A construção narrativa feita por Ernani Ssó não é linear. Desta forma, encontramos vários personagens ao longo de suas 283 páginas, que parecem se repetir, especialmente na forma como a figura feminina é apresentada: 50% sacra, 50% secular. É bom deixar claro que isso não torna a obra confusa ou pretensiosa, pelo contrário.

Vamos percebendo ao longo de Como o Diabo Gosta que é um mecanismo para que compreendamos o que é o vazio para Camilo. Ele é cíclico, é imutável, ainda que as relações sejam estabelecidas de formas diferentes. Cada personagem é um traço de Bruna, um pedaço do que foi deixado por ela no caminho, na vida do protagonista.

O sugestivo nome, Como o Diabo Gosta, diz mais sobre a vida de Camilo, deixada ao acaso, nas mãos da sorte, e não que sua literatura seja fraca, feita de qualquer jeito. Ernani Ssó tempera suas linhas com uma dor pungente, mas que não se escancara, não é gritada nas linhas do livro. Ela surge é com a leitura, com a confirmação de que também podemos estar vazios, e que isso não é preenchido com coisas mundanas, tampouco com religiosidade, mas talvez com a necessidade de que saibamos apreciar a solidão, ao invés de temê-la, ao invés de acreditar que no outro somos completos. Enquanto o personagem procura compreender isto, ele vive vazio, como o diabo gosta.

COMO O DIABO GOSTA | Ernani Ssó

Editora: Cosac & Naify;
Tamanho: 288 págs.;
Lançamento: Junho, 2015.

COMPRE O LIVRO E AJUDE A ESCOTILHA

ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA

Que tal apoiar a Escotilha? Assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 15,00 mensais. Se preferir, pode enviar uma contribuição avulsa por PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.

CLIQUE AQUI E APOIE

Tags: Como o Diabo GostaCosac NaifyErnani SsóLiteraturaLiteratura Brasileira

VEJA TAMBÉM

Chico Buarque usa suas memórias para construir obra. Imagem: Fe Pinheiro / Divulgação.
Literatura

‘Bambino a Roma’: entre memória e ficção, o menino de Roma

29 de maio de 2025
Nascido em Fortaleza, o escritor Pedro Jucá vive em Curitiba. Imagem: Reprodução.
Literatura

‘Amanhã Tardará’ emociona ao narrar o confronto de um homem com seu passado

28 de maio de 2025
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

Calçadão de Copacabana. Imagem: Sebastião Marinho / Agência O Globo / Reprodução.

Rastros de tempo e mar

30 de maio de 2025
Banda carioca completou um ano de atividade recentemente. Imagem: Divulgação.

Partido da Classe Perigosa: um grupo essencialmente contra-hegemônico

29 de maio de 2025
Chico Buarque usa suas memórias para construir obra. Imagem: Fe Pinheiro / Divulgação.

‘Bambino a Roma’: entre memória e ficção, o menino de Roma

29 de maio de 2025
Rob Lowe e Andrew McCarthy, membros do "Brat Pack". Imagem: ABC Studios / Divulgação.

‘Brats’ é uma deliciosa homenagem aos filmes adolescentes dos anos 1980

29 de maio de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.