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‘Entrevista com o vampiro’: os melancólicos vampiros de Anne Rice

Anne Rice usa vampiros de 'Entrevista com o vampiro' como base para discutir temas e questões mais elevadas.

porEder Alex
13 de janeiro de 2016
em Literatura
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Não é fácil ser vampiro nos livros de Anne Rice. Você acha que só porque eles são bonitões, usam roupas bacanas e vivem na farra a vida deles é fácil? Nada disso, meu amigo, esse negócio de vida eterna tem lá suas vantagens, mas soa mais como uma maldição do que como um prêmio. Fique por aí, que eu já explico.

O tal vampiro entrevistado é Louis, que conta a um jovem com um gravador cheio de fitinhas k7 (o livro é de 1976) todas as suas andanças pelo mundo desde quando foi transformado em vampiro, há centenas de anos, mais precisamente em 1791. Se quando falam em vampiro, você já pensa no Jonathan Harker chegando num castelo-europeu-com-cara-de-mal-assombrado e sendo recepcionado por um moço meio estranho, pode ir tirando o cavalo e a carroça vitoriana da chuva, pois Entrevista com o vampiro, lançado pela editora Rocco, se passa principalmente no sul dos EUA (depois Paris), então não tem nadinha de castelo, trovões e gente empalada. O negócio aqui é glamour, pois Louis e seu “criador”, Lestat, são dois bons vivants, que levam uma vida chique, mas que eventualmente agem como monstros terríveis matando pessoas ou animais antes de dormir.

O filme lançado em 1994 dá uma boa contaminada na imaginação do leitor, então fica meio difícil desvencilhar os personagens das figuras tão icônicas como Tom Cruise e Brad Pitt cabeludos. A boa notícia é que o filme é razoavelmente fiel ao enredo e à estética do livro. O tom utilizado por Rice na linguagem é meio romântico e pomposo (e para os brasileiros há uma grande vantagem: a tradução impecável foi feita por ninguém menos que Clarice Lispector. Isso mesmo, aquela que o pessoal cita umas frases aleatórias na internet), com belos períodos claramente lapidados para ganharem mais sonoridade e tons de reverência, estilo literatura gótica. Isso tudo, é claro, não combina muito com as marcas de oralidade que se espera de uma pessoa que está falando e não escrevendo uma história, mas ok, a gente finge que não percebeu ou que o moço deu uma enfeitada na hora de transcrever a entrevista.

Uma das coisas mais interessantes do livro é que ele não conta exatamente uma história de terror. É claro que os elementos do gênero estão todos ali, mas eles servem apenas de base para que Anne Rice possa discutir questões mais elevadas.

O aspecto homoerótico não é o que dá para chamar de contido (Louis e Lestat dormem a primeira noite (quer dizer, primeiro dia) no mesmo caixão, por exemplo), há vários trechos em que essa questão fica bem clara e verbalizada, então se em algum momento começasse a tocar Gloria Gaynor, o leitor não ficaria muito surpreso.

Uma das coisas mais interessantes do livro é que ele não conta exatamente uma história de terror. É claro que os elementos do gênero estão todos ali, mas eles servem apenas de base para que Anne Rice possa discutir questões mais elevadas, que até costumam aparecer em literatura de entretenimento, mas talvez não com tanta profundidade. O próprio ritmo do livro é atípico (dentro do gênero) e me surpreende que ele tenha feito tanto sucesso já que a história é bem lenta, chegando mesmo a ser arrastada em alguns momentos. Quase não há ação não por defeito técnico da escritora, mas sim porque ela preferiu priorizar a contemplação e a reflexão. Bom para a literatura, não tão bom para o cinema.

A obra ganha mais densidade quando Rice coloca em cena a personagem mais interessante da história: Cláudia (inspirada em sua filha, que morreu de leucemia). É a partir da figura da criança, condenada à vida eterna, que o livro passa a discutir as questões mais interessantes, pois ali temos uma pessoa com mais de 100 anos presa a um corpo infantil, então como seria possível amadurecer uma existência cujo corpo está preso no passado? É possível ter uma vida plena sem atravessar todas as fases naturais? Só o tempo nos basta?

A desolação dos vampiros diante dos séculos que passam diante de seus olhos se dá principalmente pelo fato de que nem todos conseguem se adaptar aos novos tempos. É difícil seguir em frente, quando tudo aquilo que você ama e acredita vai ficando para trás, vai perdendo o seu valor. É neste ponto que a dádiva vira maldição, pois, como escreveu Guimarães Rosa, “Viver é muito perigoso… Porque aprender a viver é que é o viver mesmo… Travessia perigosa, mas é a da vida”.

ENTREVISTA COM O VAMPIRO | Anne Rice

Editora: Rocco;
Tradução: Clarice Lispector;
Tamanho: 320 págs.;
Lançamento: Abril, 2020 (atual edição).

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Tags: Anne RiceCríticaCrítica LiteráriaEditora RoccoEntrevista Com o VampiroLiteraturaResenha

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