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‘Marvel 1602’: o nascimento dos Estados Unidos da América

Quadrinho de Neil Gaiman, 'Marvel 1602' faz uma releitura dos personagens clássicos e traz heróis ingleses do século 17 que formam a democracia na América.

porArthur Marchetto
10 de outubro de 2019
em Literatura
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Marvel 1602, de Neil Gaiman

As capas produzidas por Scott McKowen, baseadas em gravuras do século 17, são bem produzidas e merecem um destaque à parte. Imagem: Scott McKowen.

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Coincidentemente, nos últimos dois textos tivemos a oportunidade de discutir sobre mitos. Primeiro, falamos em como os arquétipos são modelos inconscientes e que, para serem perceptíveis, precisam ser traduzidos em imagens arquetípicas e, inevitavelmente, perder um pouco de sua carga simbólica. São essas traduções que permeiam e montam as narrativas míticas tão conhecidas, assunto do segundo texto.

Podemos perceber essa leitura junguiana pensando no arquétipo do herói: a ideia de um personagem heroico que tem alguns pontos em comum ao longo do tempo, como o sacrifício, mas pode adquirir outras roupagens se comunicar e passar a mensagem do arquétipo, alterando as configurações de respostas como: onde ele habita? qual seu porte? qual sua orientação sexual? a cor da sua pele? Da mesma forma, Ícaro pode ser, hoje, um astronauta em seu traje viajando pelo espaço ao invés de um homem com asas de cera.

Uma maneira de refletir sobre como essas narrativas permeiam o nosso dia-a-dia é com o trabalho do autor britânico Neil Gaiman. Conhecido por trabalhos como Deuses Americanos, Mitologia Nórdica e Sandman, Gaiman tem um interesse declarado pela (re)criação de mitologias contemporâneas. No primeiro caso, por exemplo, deuses clássicos e modernos disputam pela adoração dos mortais. Já em relação ao último, Gaiman buscou organizar os personagens existentes da DC Comics, inclusive os outros Sandmen, em uma mitologia própria.

É nessa linha que transita Neil Gaiman, ao escrever Marvel 1602, história que retrata uma versão paralela dos heróis da Marvel no início do século 17. Roteirizado por Neil Gaiman, ilustrado por Andy Kubert, colorido por Richard Isanove e, na versão brasileira, traduzido por Marcelo de Castro Bastos, Helcio de Carvalho e PM Agria, o quadrinho é uma releitura dos super-heróis clássicos da Marvel.

Os super heróis são ícones da liberdade individual; uma comunidade de super-heróis se torna uma metáfora da própria democracia.

De acordo com o prefácio de Peter Sanderson na edição em capa dura, “as pessoas acham que os super-heróis são uma criação do século 20, mas na verdade eles são um disfarce moderno para arquétipos de personagens que sobreviveram ao longo de toda a história da literatura”.

Na narrativa, algo do futuro passa a habitar as Américas de 1602 e isso gera um descompasso nos acontecimentos do universo. As últimas consequências desse episódio é a extinção do cosmo. Tal inquietação é revelada logo nas primeiras páginas, quando uma enviada de uma tribo das distantes terras americanas é chega à Inglaterra para pedir a ajuda da rainha Elizabeth I, mas precisa aguardar seus pedidos até suspeita conspiração ser revelada.

Podendo ser visto pelo processo descrito no início do texto, Sanderson comenta que a história em quadrinho “demonstra que os personagens clássicos da Marvel possuem uma universalidade que lhes permite funcionar em qualquer época ou lugar. Porém, em mais um dos paradoxos da série, o escritor também usa 1602 para mostrar o quão distintamente americanos esses heróis são” – e não só americanos em 1602, mas a imagem arquetípica do que é ser americano hoje, o bastião da democracia, perseguidor do sonho americano e habitante das terras livres.

Ao longo do quadrinho, vemos essa transformação. Sanderson explica que “uma das formas que a Marvel usou para revolucionar o gênero foi apresentar os super-heróis como renegados e até proscritos”. Especificamente tratando de Marvel 1602, “incapazes de retornar à Inglaterra agora repressiva (…), muitos dos heróis de 1602 migram rumo à América para lá ajudar a fundar uma nação livre de monarcas, onde fugitivos da opressão política, religiosa e racial podem reiniciar suas vidas. É uma nação em que todos, não importa o quanto sejam diferentes – até mesmo mutantes e monstros – têm a chance de conviver em paz e prosperidade”.

Ligado diretamente com o estabelecimento dessa nova nação está o Xavier e seu grupo de sanguebruxos, um dos personagens mais interessantes da história. A releitura faz com que o arqui-inimigo de Xavier se torne o Inquisidor, ligado à Igreja, mas obstinado em remover (quase) todos os sanguebruxos da existência. Além dele, entre os outros personagens que tiveram releituras que chamaram bastante a atenção está o Doutor Estranho. Ele aparece como um mago que habita uma cabana mística e serve como conselheiro do chefe da guarda real, Nick Fury, exímio lutador ainda que tenha um tapa-olho. Seu fiel escudeiro é Peter Parquagh, um ajudante tímido e bastante estudioso, sem nenhum poder excepcional além da simpatia, e seu espião confiável é o irlandês Matthew Murdock, o Demônio das Sombras.

Entra como ponto crucial para a trama a presença de Reed Richards, cabeça do Quarteto Fantástico e figura que une a ciência com a religião em um período tão delicado, e Thor, deus nórdico (obviamente) distante da agressiva Igreja Católica.

A obra de Gaiman, Kubert e Isanove conclui as pendências e deixa em aberto as possibilidades de construção desse novo universo paralelo, com os heróis em outros tempos. Por fim, vale ressaltar a beleza das capas produzidas por Scott McKowen, baseadas em gravuras do século 17 e bem diferente das capas usuais da Marvel.

MARVEL 1602 | Neil Gaiman

Editora: Panini;
Tamanho: 248 págs.;
Lançamento: Dezembro, 2017.

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Tags: Andy KubertBook ReviewcomicHistória em Quadrinhoshistórias em quadrinhosHQMarvelmarvel 1602Neil GaimanResenha

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