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‘O Japão no feminino’ revela poetas japonesas clássicas

Em 'O Japão no Feminino', publicação da Assírio & Alvim, portuguesa Luísa Freire traduz poesia de mulheres japonesas.

porMarilia Kubota
15 de agosto de 2017
em Literatura
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'O Japão no feminino' revela poetas japonesas clássicas

Imagem: Reprodução.

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O Japão no Feminino – Tanka séculos IX a XI e O Japão no Feminino – Haiku, Séculos XVII a XX ( Assírio & Alvim, 2007) são estudos da pesquisadora portuguesa Luísa Freire sobre a poesia escrita por mulheres no Japão nos períodos clássico e moderno. A pesquisadora faz suas versões de poemas para o português lusitano de duas traduções em inglês: The Ink Dark Moon: love poems by Ono no Komachi and Izumi Shikibu, de Jane Hirshfield e Mariko Aratami, e Haiku by Japanese Wome: Far Beyond The Field, de Makoto Ueda.

O ocidente só conhece os quatro grandes mestres do haicai: Matsuo Bashô, Yossa Buson, Kobayashi Issa e Masaoka Shiki. Poucos sabem que mulheres escreveram haicai, algumas, contemporâneas dos mestres. Nas mais antigas antologias japonesas, é raro o registro de qualquer obra feminina. Quando aparece, é omitido o nome da autora, e a única identificação é a do marido – “esposa de Nitsusada”, como acontece em 1663.

Durante muito tempo, pensou-se que o haicai era uma prática exclusivamente masculina. Nos séculos IX a XI, o tanka tornou-se uma forma feminina por questões ideológicas. Como os homens escreviam poemas em chinês, as mulheres dominaram o tanka. Assim, esta forma poética passou a ser conhecida como feminina. Contrastava por ser uma escrita solitária e individual, enquanto o haicai era parte de uma atividade em grupo. A partir do século XVII, mais mulheres começaram a compor haicai.

O haicai é um poema de dezessete sílabas, o tanka de trinta e uma. O haicai é objetivo, o tanka, subjetivo. A forma do tanka é anterior à do haicai. Foi Bashô quem reduziu as trinta e uma sílabas do tanka para as dezessete do haicai. E, em vez de abordar os sentimentos, o poeta passa a observar a natureza e a morte.

As mulheres, impedidas de aprender os ideogramas chineses, propagaram a escrita silábica, escrevendo sobre literatura e poesia, explorando temas como o amor, a natureza e a religiosidade.

Houve duas grandes poetas de tanka: Ono no Komachi  (834 – ?) e Izumi Shikibu (974-1034). Elas surgiram no florescimento da cultura japonesa, quando a capital foi instalada em Quioto (794 a 1185). Nesta época, filhas de aristocratas eram enviadas à corte para conseguir um bom casamento. Através da união das famílias, os nobres conseguiam uma boa posição política. As moças eram educadas para competir com os homens. Conheciam artes e literatura. Os homens compunham obras em chinês, e escreviam sobre história e filosofia. As mulheres, impedidas de aprender os ideogramas chineses, propagaram a escrita silábica, escrevendo sobre literatura e poesia, explorando temas como o amor, a natureza e a religiosidade.

Assim surgiu o romance O conto de Genji (Genji monogatari), escrito por Lady Murasaki Shikibu, e O livro do travesseiro (Makura no sôushi), escrito por Sei Shônagon, considerados os dois maiores clássicos da literatura japonesa.

Ono no Komachi e Izumi Shikibu são as duas maiores poetas clássicas do período. Então, as mulheres cultivavam grande independência. Embora os privilégios fossem masculinos, às solteiras era permitido ter vários namorados, inclusive com homens casados, desde que usassem a discrição. As casadas só podiam ter um marido, enquanto a eles eram permitidos casos extraconjugais. A mulher podia ser proprietária de terras e usufruir de renda própria, divorciar-se e separar-se, independente da opinião familiar.

O domínio da escrita e da poesia era um fator de ascensão social. A arte não era confinada aos artistas. Partilhada por membros da corte, qualquer acontecimento público ou privado era celebrado em versos. A poesia era o veículo essencial para ativar  relacionamentos amorosos.

ONO NO KOMACHI

Quando o meu desejo
se torna intenso demais,
visto a roupa de dormir
virada pelo avesso,
escura casca da noite.
*
Hoje de manhã
Até as minhas campainhas
Estão escondidas
Para evitarem mostrar
O cabelo em desalinho
*

IZUMI SHIKIBU

Deitada e sozinha
de cabelo negro solto
e emaranhado,
sinto desejo daquele
que primeiro veio me tocar.
*
Não fiques corado!
Todos adivinharão
Que dormimos juntos
Sob as pregas enrugadas
deste manto avermelhado
*
enomoto seifu [1732-1815]

ao romper do dia,
à conversa com as flores,
uma mulher só
*
takeshita shizunojo [1890-1946]

na sombra das flores
um besouro a rastejar –
súbita chuvarada
*

hashimoto takako [1899-1963]

cachos de glicinia –
retém em si a chuva
até onde podem
*

mitsuhashi takajo [1899-1972]

suas vidas duram
só enquanto estão a arder –
mulher e pimenta

TANKA – SÉCULOS IX A XI – O JAPÃO NO FEMININO – VOL 1 | Luísa Freire

Editora: Assírio & Alvim;
Tamanho: 80 págs.;
Lançamento: Outubro, 2007.

HAIKU – SÉCULOS XVII A XX – O JAPÃO NO FEMININO – VOL 2 | Luísa Freire

Editora: Assírio & Alvim;
Tamanho: 144 págs.;
Lançamento: Outubro, 2007.

Tags: Assirio & AlvimCrítica LiteráriahaicaiIzumi ShikibuKobayashi IssaLiteraturaLiteratura JaponesaLuisa FreireMasaoka ShikiMatsuo BashôO Japão no FemininoOno no KomachiPoesiatankaYossa Buson

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