• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Literatura

‘O Vendido’: um romance urgente na era Trump

Em 'O Vendido', escritor Paul Beatty escrutina o mundo por meio dos olhos calejados dos negros da fictícia Dickens.

porJonatan Silva
23 de março de 2018
em Literatura
A A
'O Vendido': um romance urgente na era Trump

Imagem: Reprodução.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

Osonho que Luther King teve em 1963 esmorece um pouco mais a cada dia ante o discurso racista, misógino, xenófobo, fundamentalista religioso e, obviamente, sempre equivocado. Esse cenário, entre a distopia e o surreal, tem reforçado o papel da Arte como arma no combate à ignorância e a alienação.

O romance O Vendido fez de Paul Beatty um dos porta-vozes de uma literatura contra o racismo. Irônico e autodepreciativo, o livro é uma colagem de situações cotidianas vivenciadas nos guetos norte-americanos, nas favelas brasileiras e em qualquer outro reduto negro ao redor do mundo. Com um humor inteligente e fino, Beatty trata da segregação racial na cidade fictícia de Dickens com um apuro social e urgente. Eu, o narrador, foi cobaia em experiências raciais desenvolvidas pelo próprio pai, um cientista social excêntrico.

Se Philip Roth usava a comunidade judaica para expor toda a sociedade, Beatty faz o mesmo com os negros. Ao levar do particular para o todo, O Vendido desfaz as máscaras com urgência na era Trump, como uma revelação dolorosa que tanto tenta-se encobrir com subterfúgios e eufemismo. Não há politicamente correto na forma e no conteúdo: é preciso chocar para se chegar à libertação.

Beatty povoa seu texto com pequenas e grandes violências – por vezes estruturais, psicológicas e físicas – que criam uma narrativa engajada e, ainda assim, pulsante. Quando Eu vai à corte, é sem nunca roubar nada, sonegar impostos ou entrar no cinema sem pagar. A ideia inicial de herói, e sua jornada, percorre os primeiros atos, criando uma relação de empatia, adianta justaposta à paranoia e à inversão de papeis.

‘O Vendido’ é um texto duro, muito mais pela reflexão à qual convida, que pela sua estrutura e estilo.

Não há cinismo em Eu; ao contrário, ele é um sujeito petrificado, primeiramente, pela família e, depois, pelo ambiente. O que leva o protagonista à Suprema Corte é o que, inversamente, poderia levá-lo à morte. O jogo de espelhos criados pelo autor dá ideia da sua maestria na construção de um discurso pleno, ousado e chocante. Por meio de uma névoa final e instigante, o leitor não consegue ficar indiferente.

O Vendido é um texto duro, muito mais pela reflexão à qual convida, que pela sua estrutura e estilo. O humor não é uma estratégia de fuga, mas de imersão. Vencedor do Man Booker Prize de 2016, Paul Beatty faz de cada trecho um fio para puxar uma referência cultural clássica ou pop, desafiando o leitor.

A autenticidade de O Vendido é brutal. Os dispositivos narrativos, as construções do discurso e os arcos dos personagens são avançados – como Will Self em A Guimba, ou Michel Houellebecq em Submissão. É preciso coragem para se embrenhar em uma mata tão densa e, infelizmente, ainda selvagem.

O VENDIDO | Paul Beatty

Editora: Todavia;
Tradução: Rogério Galindo;
Tamanho: 302 págs.;
Lançamento: Julho, 2017.

COMPRE O LIVRO E AJUDE A ESCOTILHA

Tags: Book ReviewCrítica LiteráriaEditora TodaviaLiteraturaLiteratura AmericanaMartin Luther Kingmichel houellebecqO VendidoPaul BeattyResenhaReviewWill Self

VEJA TAMBÉM

Chico Buarque usa suas memórias para construir obra. Imagem: Fe Pinheiro / Divulgação.
Literatura

‘Bambino a Roma’: entre memória e ficção, o menino de Roma

29 de maio de 2025
Nascido em Fortaleza, o escritor Pedro Jucá vive em Curitiba. Imagem: Reprodução.
Literatura

‘Amanhã Tardará’ emociona ao narrar o confronto de um homem com seu passado

28 de maio de 2025
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

Calçadão de Copacabana. Imagem: Sebastião Marinho / Agência O Globo / Reprodução.

Rastros de tempo e mar

30 de maio de 2025
Banda carioca completou um ano de atividade recentemente. Imagem: Divulgação.

Partido da Classe Perigosa: um grupo essencialmente contra-hegemônico

29 de maio de 2025
Chico Buarque usa suas memórias para construir obra. Imagem: Fe Pinheiro / Divulgação.

‘Bambino a Roma’: entre memória e ficção, o menino de Roma

29 de maio de 2025
Rob Lowe e Andrew McCarthy, membros do "Brat Pack". Imagem: ABC Studios / Divulgação.

‘Brats’ é uma deliciosa homenagem aos filmes adolescentes dos anos 1980

29 de maio de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.