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Home Literatura

‘O Próximo da Fila’ no Clube da Luta

Romance de estreia de Henrique Rodrigues, 'O Próximo da Fila' narra trajetória de jovem de classe média diante de um mundo repleto de obstáculos.

porAlejandro Mercado
6 de outubro de 2015
em Literatura
A A
O Próximo da Fila Henrique Rodrigues

Imagem: Simone Magno/Reprodução.

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“Olha lá, a cara de satisfação de merda. Esse tipo de gente que fode todo o resto, querem se achar melhor que os outros porque têm um pouquinho mais de estudo. Vixe, Maria. Mas justiça há de ser feita. O mal do urubu é pensar que o boi morreu. O que é dele está bem guardado. Ah, se não está…”.

Dentre todos os parágrafos de O Próximo da Fila, primeiro romance de Henrique Rodrigues – macaco velho na escrita, tanto na literatura infantil como na juvenil, além de ter escrito um grande livro de poesias, A Musa Diluída (Record, 2006) -, escolhi este que ilustra o primeiro parágrafo deste texto por considerá-lo representativo na trama do livro.

O autor empresta sua própria experiência de vida enquanto adolescente, mas apenas como uma peça na engenharia de sua escrita, servindo mais como um laboratório do que definindo O Próximo da Fila como um romance de autoficção.

Rodrigues opta por não dar nomes nem aos personagens nem aos lugares. Dessa forma, fica evidente logo de início que a trama – e as infinitas mensagens escondidas nas entrelinhas da obra – são mais importantes que nomes, números e lugares, mesmo que, ao longo de O Próximo da Fila, consigamos dar nomes ao que é construído em forma de caracteres.

Chama a atenção neste trabalho de Rodrigues como o autor usa bem de sua experiência na poesia para construir metáforas tão precisas da classe média brasileira.

O romance se desenvolve entre o final dos anos 1980 e o início dos anos 1990. Devido ao processo de reabertura política, um Brasil novo se confrontava com um Brasil antigo, colocando frente a frente conflitos sociais e econômicos. O personagem central da obra é, como tantos outros brasileiros, um jovem adolescente de classe média que, ao perder o pai, se vê diante de um mundo que até outro dia não lhe parecia real.

Ele precisa então ir à luta, conseguir um emprego e ajudar sua mãe, que em virtude da morte do marido vê seu futuro encontrar um passado amargo, doloroso, que começa a fazer as cicatrizes do abismo de realidades do país lhe coçarem a pele. A porta de entrada nessa nova realidade para o personagem central de O Próximo da Fila é “aquela rede de fast-food famosa, dos arcos dourados”, e por meio dela Henrique Rodrigues desenvolve uma interessante trama que se conecta em vários níveis com o leitor.

Chama a atenção neste trabalho de Rodrigues como o autor usa bem de sua experiência na poesia para construir metáforas tão precisas da classe média brasileira. Aos que reclamam – e com razão – da quase inexistente representatividade nos diferentes perfis do povo brasileiro em nossa literatura contemporânea, aqui vemos um personagem central pardo, pobre, filho de uma empregada doméstica e que, em nenhum momento, se vitimiza. Pelo contrário. Ele justamente é questionado, como no parágrafo que inicia esta análise, pelo fato de lutar por um mundo além das caixas de “carne 100% bovina”.

Chuck Palahniuk usou Clube da Luta como uma metáfora para criticar inúmeros aspectos de nossas vidas, sobre o que somos e fazemos. Enquanto Palahniuk diz “Você se sente como um desses macacos do espaço que só fazem aquilo que são treinados para fazer”, Rodrigues coloca seu personagem traçando o infinito com um esfregão no salão da rede de lanchonetes. Enquanto Palahniuk critica a sociedade de consumo – “Você não é o seu emprego” -, Rodrigues constrói uma redoma na qual seu personagem central sofre as marcas dessa mesma sociedade na pele e acaba marcado tal qual um boi – e temos aqui, com a cena da chapa, uma das mais interessantes e cruéis da literatura contemporânea.

Ao final, somos sugados para dentro da obra, e enxergamos a fundo esse mundo que parece ao contrário. Mas, antes que percebamos, já somos o próximo da fila.

O PRÓXIMO DA FILA | Henrique Rodrigues

Editora: Record;
Tamanho: 192 págs.;
Lançamento: Julho, 2015.

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Tags: Crítica LiteráriaEditora RecordHenrique RodriguesLiteraturaO Próximo da Fila

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