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‘Ressurreição’: o primeiro romance de Machado de Assis

Em 'Ressurreição', debut literário de Machado de Assis, autor já dava breves demonstrações de um estilo que seria aprofundado nas obras seguintes.

porEder Alex
24 de maio de 2017
em Literatura
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'Ressurreição': o primeiro romance de Machado de Assis

Imagem: Reprodução.

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Se nós, esses Zés Ninguéns que somos, às vezes já achamos que as pessoas falam demais sobre a gente, imagina o tanto que já não falaram sobre o Machado de Assis? Se duvidar, já estudaram até qual shampoo ele usava.

Dito isso, é claro que não sobra muita novidade sobre o moço, mas creio que seja sempre relevante apresentar uma obra do Bruxo de Cosme Velho para quem eventualmente ainda não conhece ou até conhece, mas o trauma de ter lido na marra e não entendido lhufas na época do colégio gerou algum tipo de bloqueio.

Este é o primeiro romance de Machado de Assis, lançado quando o autor era um rapazote de apenas 33 anos e ainda não usava aquele óculos estiloso e nem aquela barba lazarenta (as fotos indicam que só o lance do Bozzano no cabelo que parece ter começado cedo). Ressurreição não é sobre Jesus e, infelizmente, também não é sobre zumbis (o mais perto disso foi o Memórias Póstumas de Brás Cubas mesmo). Na verdade, é só uma história de amor cheia de idas e vindas.

Félix é um médico solteirão que vive nas baladas (altas valsas) pegando várias minas, mas relacionamento sério que é bom, nada. Eis que surge uma belíssima viúva chamada Lívia em seu caminho e ele resolve sossegar o facho. Porém, naquilo que talvez seja a gênese do que viria ser Bento Santiago, Félix é inseguro e ciumento demais, do tipo que iria no Casos de Família fazer barraco. E aí o livro é sobre como seria possível haver um relacionamento saudável entre duas pessoas se os sentimentos que as envolve são tão nebulosos.

Talvez você se lembre que a obra do autor foi dividida em duas fases, a Romântica e a Realista. Caso não se lembre, o autor lhe avisa numa notinha de advertência da segunda edição, revisada por ele em 1905. Obviamente, este livro pertence à primeira fase, contudo, já é possível perceber diversas características que viriam a ser desenvolvidas posteriormente, como, por exemplo, a questão de tentar mergulhar na mente dos personagens e nos apresentar uma espécie de painel psicológico de cada um deles.

Obviamente, este livro pertence à primeira fase, contudo, já é possível perceber diversas características que viriam a ser desenvolvidas posteriormente.

As descrições são tão eficientes, nos dão um painel visual tão impressionante, que se o leitor se distrair, logo também estará apaixonado por Lívia, uma personagem cativante que causa um grande fascínio já no primeiro momento em que aparece em cena. E dela que o leitor sentirá mais falta ao fim da leitura.

Há a questão de se preocupar com o que os outros vão pensar, já que Lívia é viúva, tem um filho e que próprio Félix era meio galinha, sempre esbarrando com uma ex por aí etc. Eles também enfrentam alguns problemas gerados por um mal terrível que assola a sociedade até nos dias de hoje: a interpretação de texto. A troca de missivas do casal é quase uma comédia de erros, só que sem a parte da comédia.

O autor não chega a aprofundar muito as questões psicológicas, mas deixa bem claro que várias situações e sentimentos são dúbios e que nem sempre os personagens se dão conta disso, escancarando assim as suas contradições.

A ideia, num geral, é demonstrar o espírito perturbado de Félix a partir da dualidade entre o amor e o ódio. Os sentimentos dos personagens são meio exagerados, como era comum nesse período literário, então quando eles sofrem, sofrem pra caralho, não é só uma choradinha no ônibus ouvindo Joy Division voltando pra casa, é mais um lance de se jogar no chão e esperar a morte por tristeza.

A história é contada de forma linear e sem grandes novidades na narração, que não conta com aquela ironia marota que tanto gostamos na fase realista e nem com as conversas diretas com o leitor. Não há quase nada de humor (uma das características que mais marcariam sua obra nas décadas subsequentes) e também há poucas descrições a respeito da sociedade do período, já que o foco é mesmo no relacionamento entre os personagens.

O próprio Machado de Assis informa na introdução que não pretendia escrever um romance de costumes, então ele vai tentando contrapor visões de mundo bastante distintas, para que desse atrito surja uma nova reflexão sobre um relacionamento amoroso. Se pensarmos bem, é uma forma bem ousada de se contar uma história, principalmente no caso de um novato.

Tem futuro esse garoto.

RESSURREIÇÃO | Machado de Assis

Editora: Nova Fronteira;
Tamanho: 1224 págs. (Livro integra box Todos os Romances e Contos Consagrados);
Lançamento: Junho, 2016.

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Tags: ClássicoClássicos da Literatura BrasileiraCrítica LiteráriaEditora Nova FronteiraLiteraturaLiteratura BrasileiraMachado de AssisNova FronteiraResenhaRessurreiçãoReviewromantismo

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