Sobre a escrita – A arte em memórias, de Stephen King, é um guia para aspirantes a escritores que querem aprimorar suas habilidades em escrita. Escrito na década de 90, mas publicado no Brasil apenas em 2015 pela Editora Suma, a obra é uma verdadeira aula de escrita criativa.
O livro é dividido em 3 partes. Na primeira, King narra de forma dinâmica e bem-humorada detalhes de sua vida, passando por uma infância conturbada, uma adolescência criativa e uma vida adulta que mistura momentos de angústia (como quando o autor sofreu com um grave vício em álcool e drogas) e momentos de êxtase (como quando fatura 200 mil dólares com a venda de Carrie, a estranha).
Stephen King conta ainda, como viveu por muito tempo como um americano de classe média baixa. Antes de seu sucesso, ele mandava contos para revistas e não obtinha praticamente nenhum lucro com isso. Ele até chegou a pregar na parede de seu quarto todas as cartas de rejeição que recebeu de editoras e revistas.
Em meio a este capítulo, King traz também dicas práticas que aprendeu em sua trajetória como escritor e desmistifica alguns estigmas da profissão: “A ideia de que criatividade e substâncias que alteram a mente estão ligados é um dos grandes mitos pop-intelectuais do nosso tempo”, diz ao relatar episódios de seu período de reabilitação e a maneira como seu processo criativo permaneceu intacto mesmo sem os estimulantes. O autor cita até que, por conta de seu vício, não se lembra do processo de escrita do livro Cujo, e se entristece por isso, pois é um livro que ele gosta muito.
‘Meu cronograma é bem-definido. As manhãs pertencem ao que for novo – à obra atual. As tardes são para cochilos e cartas. As noites são para a leitura, família, jogos do Red Sox na TV e revisões que não podem mais esperar. Basicamente, as manhãs são meu principal período de escrita.’
A segunda e maior parte é onde o autor abre sua caixa de ferramentas e compartilha com o leitor seus segredos com relação a escrita. De maneira objetiva e divertida, dá dicas sobre gramática, construção de frases, autores famosos para se inspirar, o mercado editorial, como colocar suas ideias no papel, a criação de personagens, seu cronograma de escrita e até seus próprios métodos para escrever.
Desprovido de esquemas mirabolantes ou modelos prontos para ser tornar uma máquina de criar livros, Sobre a Escrita não apresenta uma “fórmula mágica” para o sucesso. Pelo contrário, King acredita que a prática leva a melhorias e, como um bom professor, exemplifica sua teoria com alguns trechos retirados de outras obras, apresentando o antes e o depois com as suas sugestões. Assim, justifica a sua argumentação, deixando a critério do leitor concordar ou não com ele.
Por fim, a terceira parte da obra é o capítulo dedica a contar com detalhes sobre o famoso acidente quase fatal sofrido por Stephen King no período em que escrevia Sobre a escrita. O autor relata abertamente o atropelamento, a recuperação e o processo de escrita deste livro.
King traz ainda um bônus nas últimas páginas: uma lista dos melhores livros que leu durante os últimos anos. Dentre os que citou estão Harry Potter, O Homem que não Amava as Mulheres e O Senhor das Moscas.
SOBRE A ESCRITA | Stephen King
Editora: Suma;
Tradução: Michel Teixeira;
Tamanho: 255 págs.;
Lançamento: Março, 2015.