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‘A vida de Vernon Subutex’ é uma porrada em todos nós

Maura Martins por Maura Martins
14 de outubro de 2019
em Ponto e Vírgula
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A escritora francesa Virginie Despentes. Imagem: Divulgação.

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A vida de Vernon Subutex – volume 1, livro da cultuada autora francesa Virginie Despentes, faz jus à sua obra e vida: é uma porrada, da qual dificilmente escapamos impunes. Por trás de uma aparentemente simples história de fracasso (a do personagem do título, um dono de uma loja de discos que vê aos poucos seu negócio falir, com o esgotamento do formato físico da música e sua migração definitiva para as plataformas digitais), revela-se uma crítica contundente a toda uma geração, sugada pela convicção de ser especial, e detonada pelo próprio sistema capitalista, do qual ninguém consegue escapar. Por isso mesmo, é um soco direcionado a todos nós.

Ainda que carregue o nome de um personagem, não se engane: Vernon Subutex não é o centro da trama, ainda que seja o protagonista. Ele opera como um eixo a amarrar uma quantidade de personagens, habitantes de Paris, que funcionam como um mapa de um mundo em declínio. E que mundo é esse? O mundo analógico da contracultura, da classe média que se julgou acima das massas mas que, aos poucos, vê seu “sonho” ser aniquilado. Todos os personagens apresentados por Despentes são, em maior ou menor medida, repulsivos.

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A começar pelo próprio Vernon Subutex, o dono de uma loja de discos de vinil que vai à falência. Vernon desempenha em seu grupo um papel de “amigão da galera”. Ele é o cara por dentro das novidades, parceiro das bandas, dono de vasto conhecimento musical e sem muita pressa em crescer. Por trás de seu charme, na verdade, está um cinquentão sem planos para o futuro, que passou parte de sua vida sendo resgatado das crises financeiras por um músico famoso, Alex Bleach, seu amigo de juventude.

A cada capítulo de Vernon Subutex, é como se mergulhássemos na consciência de uma pessoa diferente, a partir de suas lógicas e – sobretudo – seus defeitos. Todos as personagens são, em alguma medida, execráveis.

Mas a fonte seca de uma hora para outra. Alex morre de overdose e agora Vernon não tem mais onde se segurar. É aí que começa o drama: o que vai acontecer com esse adolescente tardio? O quão baixo ele pode descer? De alguma forma, Vernon expressa um dos grandes fantasmas que se escondem no inconsciente dos homens: o medo de não dar conta, de depender exclusivamente da ajuda dos outros, de cair num buraco tão fundo que já não é mais possível sair dele.

A história, dessa forma, gira em torno de um mistério. Vernon revela em suas redes sociais, não sem orgulho, que tem algumas fitas cassetes em que Alex Bleach gravou algumas declarações enquanto estava drogado, e que gostaria de vendê-las para uma possível biografia do músico. A revelação gera uma corrida de vários interessados atrás de Vernon que, por ter sido despejado, tem paradeiro incerto.

A partir da jornada de Subutex em busca de sua sobrevivência, uma série de personagens vão aparecendo na trama: uma mulher independente que acha ter tirado a sorte grande quando o “partidão” bate à sua porta, e não vê a hora de esfregar seu sucesso na cara das “amigas”; duas atrizes pornô cujas histórias se cruzam com a de Alex e Vernon; uma lésbica que acolhe o protagonista e o leva para festas em que ele brilha como DJ (que, aliás, parece ser seu único talento); uma moradora de rua marxista; um homem que cria sua filha sozinho e a vê, aos poucos, se convertendo ao islamismo; um trabalhador que perdeu sua família por não conseguir não agredir a esposa; e até uma belíssima transexual brasileira, que não é suficientemente desenvolvida neste primeiro livro.

E é por meio destes indivíduos que vem à tona o talento literário da provocativa escritora. A cada capítulo de Vernon Subutex, é como se mergulhássemos na consciência de uma pessoa diferente, a partir de suas lógicas e – sobretudo – seus defeitos. Todos as personagens são, em alguma medida, execráveis. Tal como um Dostoiévski, Despentes consegue a façanha de fazer suas personagens falarem sozinhas. Enxergamos o mundo através da ótica destas pessoas – e não pelo olhar da escritora. Um exemplo é o capítulo centrado no homem violento, que não consegue deixar de sê-lo, e se pergunta: sem a violência, o que sobra para mim? Há, numa mera frase, um doloroso retrato da chamada masculinidade tóxica que assombra praticamente todos os homens.

Para além de uma história meramente ligada aos indivíduos, transparece, com clareza, um franco diagnóstico social, em que pessoas perdem seus privilégios e um caminho se abre para discursos de direita, regados por lampejos fascistas. Mais que uma “fotógrafa” que registra objetivamente o retrato de um mundo falido, Virginie Despentes tem algo de antropóloga: observa na mesma medida que faz considerações contundentes.

Finalista do Man Booker Prize em 2018 e best-seller na França, A vida de Vernon Subutex é uma trilogia que contará ainda com mais dois volumes. Agora é torcer que a Companhia das Letras os lance o quanto antes.

A VIDA DE VERNON SUBUTEX – VOLUME 1 | Virginie Despentes

Editora: Companhia das Letras;
Tradução: Marcela Vieira;
Tamanho: 336 págs.;
Lançamento: Agosto, 2019.

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Tags: A vida de Vernon Subutexbook reviewCompanhia das Letrasliteraturaliteratura francesaMan Booker PrizeresenhaVernon SubutexVirginie Despentes
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