O Litercultura continua explorando caminhos novos. Sua primeira edição, em 2013, teve uma conferência de John Maxwell Coetzee um pouco antes de sua estreia de fato, que trouxe a Curitiba três dias de bate-papos com autores brasileiros, entre eles Cristovão Tezza, Rogério Pereira, Ana Maria Machado, Sillo Boccanera, o português Gonçalo Tavares (que também ministrou oficina literária nesta edição) e mesa de abertura com Alberto Manguel.
Então veio 2014, e o festival deu um passo ousado: mudou seu formato para eventos distribuídos ao longo do ano, chamados de capítulos. Seu abraço em áreas além da literatura ficou mais forte, com show de Thais Gullin e um recital de flamenco de Manuel Lorente; trouxe à capital o escritor português Valter Hugo Mãe e, próximo ao final do ano, realizou seu chamado “grande festival”, mantendo três dias de conversas com autores da literatura e demais manifestações artísticas.
Neste 2015, cujas paginas continuamos a virar, o Litercultura já realizou dois capítulos. Um evento em maio com o português José Luís Peixoto, sobre sua produção literária; e o segundo em junho com um debate abrangendo filosofia e política com Marcia Tiburi e Gianni Vattimo, cujos ingressos gratuitos foram esgotados em dois dias. E de 28 a 30 de agosto realiza seu terceiro e último capítulo deste ano, novamente encerrando com o grande festival.
E de 28 a 30 de agosto realiza seu terceiro e último capítulo deste ano, novamente encerrando com o grande festival.
Nesses três dias, vêm a Curitiba autores com passagens por mais de um campo, a começar pela mesa de abertura com o autor e cineasta Alan Pauls, o escritor Joca Reiners Terron, que tem um pé na área editorial, o músico e ensaísta José Miguel Wisnik, entre eles. E o festival continua sua abertura para discussões de outros temas, com a presença das autoras de Brasil: uma Biografia Lilia Schwarcz e Heloísa Starling, e um debate entre o filósofo (e franco-atirador) Luiz Felipe Pondé e o psicanalista Christian Ingo Lenz Dunker.
O Litercultura já criou sua identidade, fruto da combinação entre seu formato espaçado e de suas discussões abrangentes, sem ficar apenas no âmbito literário. Manoela Leão, idealizadora do festival, declarou em entrevistas que a ideia é tirar o caráter hermético da literatura – e podemos interpretar que vale para outros campos também. Os escritores convidados expõem não apenas intenções e bastidores de suas obras como também a si, e por esse contato o público pode moldar a própria interpretação da obra em suas mãos – e quando possível trocar uma ideia com o próprio autor longe de quaisquer pedestais. O Litercultura aposta alto para formar público e o aproximar da cultura, e tem acertado bastante, e a edição deste ano mantém as apostas altas.