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Em ‘Homens sem Mulheres’, Haruki Murakami apresenta nova faceta ao leitor

Análise de 'Homens Sem Mulheres', obra de contos do autor japonês Haruki Murakami.

porJonatan Silva
6 de novembro de 2015
em Literatura
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As mulheres sempre foram personagens-chave na obra do escritor japonês Haruki Murakami, mas ainda assim não haviam atingido a importância e a intensidade que encontramos nas figuras femininas dos contos de Homens sem Mulheres (Alfaguara), que acaba de ser lançado no Brasil. Enquanto na trilogia 1Q84 (2009 – 2010), Musami Aomame é uma mulher independente, parte de uma organização misteriosa, e as irmãs Mari e Eri, de Após o Anoitecer (2004), são imagens etéreas e quase irreais, as mulheres do último livro do autor de Kafka à beira-mar (2002) são pessoas comuns, típicas, daquelas que se encontram na fila do pão.

Homens sem Mulheres é uma amarração firme dos contos de Murakami, recheados de referências literárias – do livro d’As Mil e uma Noites a Franz Kafka e Ernest Hemingway, de quem tomou emprestado o nome do livro – e de cultura pop, como os Beatles, cujas músicas servem de título para dois contos, a Billie Holliday, Erroll Garner e Buddy DeFranco. Os relatos exploram temas caros ao escritor, como a solidão, o isolamento, a inadequação e a insegurança.

Nos contos que abrem o volume, “Drive My car” e “Yesterday”, a referência aos garotos de Liverpool é óbvia. No primeiro relato, Murakami cria laços delicados entre a memória e o presente. Kafuku, um ator de meia idade, procura um motorista para seu carro e encontra Misaki, uma mulher enigmática e fria. Aos poucos, Kafuku passa a se interessar pela moça, mas não a vê como uma presa e sim como confidente, revelando os problemas que tinha com a esposa que, antes de morrer, deixou uma lista de amantes para trás. O segundo relato revela uma das facetas mais conhecidas do escritor: sua relação com os leitores mais jovens. A amizade entre dois garotos, um rapaz – estudioso e dedicado – e o outro – um sujeito excêntrico interessado somente no dialeto Kansai, usado nas áreas mais afastadas do Japão – desmorona diante das inseguranças amorosas e sexuais de ambos.

Em “Órgão independente”, o médico Tokai é um boa-vida ao melhor modo de Fellini. A situação muda quando ele realmente se apaixona por uma de suas amantes, uma mulher casada e com filhos que não quer abandonar a família. O jogo se inverte quando descobre que ela larga tudo para ficar com um outro homem. A partir daí, Tokai vai à míngua, literalmente, definhando física e psicologicamente.

As figuras femininas são pessoas comuns, típicas, daquelas que se encontram na fila do pão.

Murakami é o típico escritor que estabelece paralelos com suas próprias preferências – o que nem de longe é ruim. Em “Sherazade”, ele evoca a mítica rainha persa para narrar a história de uma dedicada mulher que alivia suas tardes tediosas em uma relação extraconjugal com um desconhecido. O conto “Samsa apaixonado” transpõe a lógica kafkiana, e é o “monstruoso inseto” que acorda metamorfoseado em Gregor Samsa, d’A Metamorfose.

“Kino” é uma história surreal, ao melhor estilo de Caçando carneiros (1982), Dance dance dance (1988) e Sono (2015). Kino abandona sua vida de classe média após descobrir que a esposa o traía com seu melhor amigo. Para se libertar do passado, ele compra um bar – parecido com o qual o próprio Murakami possuiu. Kamita, um cliente misterioso, salva Kino de ser espancado e acaba interferido em seu destino. “Homens sem mulheres” remonta às influências ocidentais de Murakami: Hemingway e Raymond Carver, além do típico começo de Kafka, uma manhã turbulenta e sinuosa.

Voz própria

Homens sem Mulheres apresenta aos brasileiros o Murakami contista. Lá fora, outras três coletâneas estão disponíveis – The Elephant vanishes (1993), after the quake (2002) e Blind willow, sleeping woman (2006) – e os contos são publicados com frequência em revistas como a The New Yorker – de onde saíram quatro histórias deste livro –, Granta e Harper’s.

Em todos os textos, Murakami está ali: é praticamente impossível dissociar o autor, existe um quê próprio, uma voz muito característica e peculiar, capaz de explicar a relação de afetividade entre um escritor recluso e uma legião de leitores.

HOMENS SEM MULHERES | Haruki Murakami

Editora: Alfaguara;
Tradução: Eunice Suenaga;
Quanto: R$ 31,89 (240 págs.);
Lançamento: Outubro, 2015.

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Tags: AlfaguaraCrítica LiteráriaHaruki MurakamiHomens sem mulheresLiteraturaliteratura japonesaResenha

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