• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Literatura

‘Animalescos’: o livro das contradições

Gonçalo M. Tavares cria cenário distópico e amorfo em 'Animalescos', obra publicada pela editora Dublinense.

porJonatan Silva
27 de maio de 2016
em Literatura
A A
'Animalescos': o livro das contradições

Autor Gonçalo M. Tavares. Imagem: Reprodução.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

Homens, animais e máquinas pontuam a obra do escritor português Gonçalo M. Tavares desde o seu primeiro livro, O Livro da dança, e de lá para cá – e passados mais de 30 livros – o autor se firma como um dos nomes lusófonos mais importantes da atualidade. “Um Kafka português”, disse o Le Figaro. Em Animalescos (Dublinense, 130 págs.), a relação entre o humano e inumano fica clara, escancarada.

Assim como Short Movies, Animalescos é uma colcha de retalhos de pequenas narrativas que se conectam ou não, criando um espelho surreal do mundo contemporâneos. Como de praxe, Gonçalo não se prende a gêneros literários e se joga nos bosques da ficção. Se em A Máquina de Joseph Walser os personagens são submissos à tecnologia, o mosaico criado em Animalescos é quase um pé de igualdade entre homem e máquina. “Há vários dos meus livros que eu diria que são muito animalescos — animalesco no sentido de sobrevivência, da guerra, da luta, do conflito”, definiu o escritor em entrevista ao jornal Rascunho (clique aqui para ler o bate-papo completo).

Os textos de Gonçalo são selvagens, como animais soltos na natureza. Ao mesmo tempo desafiam a construção narrativa convencional. Não é preciso encher os trabalhos de letras maiúsculas, pontuações e regras. Quem escreve é sempre a quarta pessoa do singular, como diz a epígrafe de Deleuze. Desde os títulos, os relatos se mostram improváveis – é como se o nome do conto fosse uma narrativa à parte. Tudo é literatura e nada o é. “Acho que o que me interessa é pensar numa espécie de espaço selvagem onde vários animeis diferentes são atirados”, nos revela na mesma entrevista.

Se cavalos podem ser personagens, martelos também. Se o zelador de um zoo cuida de seus animais, ele também pode matá-los. Esse é um livro de contradições e paradoxos possíveis. Em sua coleção O Bairro, Gonçalo usa escritores de carne e osso para criar um painel entre realidade e ficção, já em seu livro mais recente lançado no Brasil, Uma Menina Está Perdida no seu Século à Procura do Pai, o português faz da realidade literatura e, ao mesmo tempo, faz da literatura realidade.

Os textos de Gonçalo são selvagens, como animais soltos na natureza. Ao mesmo tempo desafiam a construção narrativa convencional.

Alegorias

Gonçalo M. Tavares é um autor de alegorias. Seus relatos – é difícil enquadrá-los somente como contos – são expressões máximas de um homem não se prende a uma única visão. São descrições esquizofrênicas de situações difusas. Ainda que não desmonte a técnica, mas não permita que a reza sobreviva, Tavares concebe um cenário distópico e amorfo, irreconhecível. É como se não houvesse paz ou como se a guerra fosse a única opção.

Ao contrário do que pregaria Defoe, somos nós, os “civilizados”, os verdadeiros Sextas-feiras. Animalescos é um livro – ou caderno, como prefere chamar – de leitura rápida, mas é quase impossível não voltar aos textos uma, duas ou três vezes. São alegorias que preenchem as páginas e vão cobrindo o leitor, carregando aquele corpo – que pode estar em uma cadeira, em uma confortável poltrona ou no chão – para uma verdadeira selva.

Gonçalo M. Tavares, assim como filósofo francês Edgar Morin, não acredita que o homem possa ter apenas um único caráter. Ele pode até ser racional e lógico, mas no fundo esconde uma demência natural e muito própria de si.

ANIMALESCOS | Gonçalo M. Tavares

Editora: Dublinense;
Tamanho: 128 págs.;
Lançamento: Maio, 2016.

COMPRE O LIVRO E AJUDE A ESCOTILHA

Tags: AnimalescosBook ReviewCríticaCrítica LiteráriaDaniel DefoeEdgar MorinEditora DublinenseFranz KafkaGonçalo M. TavaresLiteraturaLiteratura PortuguesaRascunhoResenha

VEJA TAMBÉM

A escritora Joan Didion. Imagem: Dorothy Hong / Reprodução.
Literatura

‘Para John’ causa desconforto ao invadir a privacidade de Joan Didion

25 de novembro de 2025
Ainda que irregular, romance guarda todas as virtudes que tornaram a autora reconhecida. Imagem: Isadora Arruda / Divulgação.
Literatura

A presença das faltas em ‘Uma delicada coleção de ausências’

14 de novembro de 2025
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

Casal na vida real, Mary Steenburgen e Ted Danson fazem par romântico na nova temporada. Imagem: Dunshire Productions / Divulgação.

Nova temporada de ‘Um Espião Infiltrado’ aposta no conforto e perde o peso emocional

4 de dezembro de 2025
Músico trouxe a turnê do novo álbum ao Brasil em 2025. Imagem: Divulgação.

‘Hurry Up Tomorrow’ é a apoteose de um artista à beira do próprio mito

3 de dezembro de 2025
Iniciativa é a primeira novela vertical do grupo Globo. Imagem: Divulgação.

‘Tudo por uma Segunda Chance’ cabe no bolso, mas some da memória

3 de dezembro de 2025
Emma Stone retoma parceria com o cineasta grego em 'Bugonia'. Imagem: Focus Features / Divulgação.

‘Bugonia’ é desconfortável, áspero, excessivo, mas relevante

2 de dezembro de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.