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‘Os supridores’ faz uma crítica ácida (e divertidíssima) ao discurso de empreendedorismo

Romance 'Os Supridores', do gaúcho José Falero, conta a saga de dois funcionários de supermercado que resolvem enriquecer vendendo maconha.

Maura Martins por Maura Martins
9 de julho de 2021
em Ponto e Vírgula
A A
José Falero, autor de Os supridores

O escritor José Falero. Imagem: Divulgação.

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Pedro e Marques são dois sujeitos como tantos outros no Brasil: moradores da periferia de Porto Alegre, eles trabalham como supridores (aqueles funcionários que repõem mercadorias em lojas) no supermercado Fênix. São exemplos do que se chama muitas vezes pejorativamente de “chão de fábrica”, que descreve a classe de trabalhadores considerada mais simples dentro de uma empresa, a quem se destina os trabalhos mais corriqueiros e cujo emprego pode ser facilmente trocado, pois eles não têm muito especialização.

Só tem um detalhe: Pedro, que passou a vida toda lendo livros enquanto se deslocava de ônibus pela cidade, aos poucos se dá conta sobre o quão injusto é o seu destino. Por mais que trabalhe a vida toda, ele nunca vai enriquecer ou mudar de patamar social – só vai meter mais dinheiro no bolso dos patrões. Ele se torna então uma espécie de Marx gaúcho, um empregado que leva a consciência da luta de classes para o seu colega de trabalho, Marques. Em pouco tempo, surge a ideia: e se eles começassem a comercializar maconha para ficar ricos?

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O outro elemento que chama a atenção e faz com que Os Supridores seja uma leitura irresistível é a linguagem “da rua”, de uma forma bastante espontânea. É uma escrita com sotaque, e dá para se sentir nas quebradas de Porto Alegre enquanto se lê.

Embora não tenha muita noção da opressão que sofre, Marques está enfrentando uma situação especifica. Já tem um filho de 3 anos e sua mulher se descobre grávida, por acidente. Ambos se sentem encurralados pela perspectiva de ter mais uma criança sem muitas condições de dar uma vida digna à família. Nesse cenário de precariedade, o papo marxista do colega e amigo sinaliza uma miragem no horizonte.

Os supridores, romance do escritor gaúcho José Falero, publicado pela Todavia, é uma obra que seduz o leitor logo na primeira página. A saga dessa dupla – chamada por muitos críticos, com razão, como uma versão contemporânea de Dom Quixote e Sancho Pança, dois incautos que se metem numa missão meio impossível – beira por um lado o realismo, por outro, a fantasia. E se todos os trabalhadores assalariados resolvessem se rebelar contra o sistema a que não escolheram pertencer, o que aconteceria? Parece ser essa a provocação trazida aqui por Falero em seu romance de estreia.

Boa parte da diversão na leitura ocorre pelo ritmo acelerado pelo qual o escritor narra a história. Os capítulos parecem compreender cenas que se encerram com cortes – dando a impressão que estamos vendo um filme. A comparação mais óbvia é com Tarantino, pois Os supridores empolga pela ação, mas também faz rir com as peripécias dos seus personagens – como quando um menino de apelido Chokito (que não necessita de explicação) começa a ganhar dinheiro com maconha e monta um harém da sua vila, ou quando Pedro e Marques desenvolvem um esquema com duas patricinhas para vender a droga.

O outro elemento que chama a atenção e faz com que Os supridores seja uma leitura irresistível é a linguagem “da rua”, que se desenvolve no livro de uma forma bastante espontânea. É uma escrita com sotaque, e faz o leitor se sentir nas quebradas de Porto Alegre enquanto se lê. A organicidade provavelmente se dê pela vivência do autor, ele mesmo nascido na Lomba do Pinheiro, uma vila em que se passa parte da trama do romance.

Tangencial à trama em si, há várias cutucadas sutis em certos discursos que circulam na sociedade de forma quase onipresente, como a idealização do empreendedorismo e de uma chamada meritocracia, como se bastasse querer muito e trabalhar para conquistar alguma coisa na vida. Durante a leitura, o negócio (ou startup) construído por Pedro e Marques (os CEOs) é, no fundo, uma grande tiração de sarro com os que almejam esse caminho do business sem se dar conta que só podem fazer isso por causa de seus privilégios.

Com elementos que refletem a própria história de José Falero (que leu o primeiro livro aos 20 anos, formou-se no EJA e também trabalhou como repositor em supermercado), Os supridores é uma leitura que consegue ser densa e ao mesmo tempo bastante didática àqueles que não enxergam para muito além da sua bolha. Seria altamente recomendável que entrasse como leitura obrigatória em listas escolares.

OS SUPRIDORES | José Falero

Editora: Todavia;
Tamanho: 304 págs.;
Lançamento: Novembro, 2020.

Compre o livro e ajude a Escotilha

Tags: book reviewcrítica literáriajosé faleroliteraturaliteratura brasileiralomba do pinheiroos supridoresresenhaRomanceTodavia
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