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Coletânea ‘Poemas’ reafirma Pasolini como poeta essencial

'Poemas', de Pier Paolo Pasolini, coloca fica ao silêncio da obra poética do italiano no Brasil.

porJonatan Silva
27 de novembro de 2015
em Literatura
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Coletânea reafirma Pasolini como poeta essencial

Imagem: Reprodução.

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O italiano Pier Paolo Pasolini (1922 – 1975) morreu por ser quem era: escritor, poeta, cineasta e, acima de tudo, polemista. Dono de opiniões controversas, Pasolini foi brutalmente assassinado em Ostia por, segundo a “história oficial”, um menino da vida. A opção mais acertada para a sua morte está, na verdade, nos debates políticos que provocava nas páginas dos jornais mais importantes da Itália e também em seus livros e filmes.

Conhecido no Brasil principalmente pelos seus trabalhos no cinema, como Teorema (1968) e Mamma Roma (1962), Pasolini ainda tem sua obra literária pouco explorada por aqui. Os romances Meninos da vida (1955), A Hora depois do sonho (1962) e o inconcluso Petróleo (1992) estão há décadas fora de catálogo. Mas a situação mais crítica, em termos de publicação, é a poesia de Pasolini que, somente 40 anos após sua morte, recebeu uma edição à altura de sua produção: Poemas (Cosac Naify), coletânea bilíngue organizada Afonso Berardinelli e Maurício Santana Dias.

Como confesso ex-católico, comunista e homossexual, Pasolini ardeu nas chamas de suas próprias escolhas e precisou se posicionar cada vez mais de forma radical para romper com o status quo e o Zeitgeist pós-facismo. E sua poesia reflete essa ruptura, chegando a escrever no dialeto fruilano de Casara, cidade em que nasceu sua mãe, para se colocar ao lado das pessoas do povo – que tanto retratou durante sua vida. Para o poeta, a Itália estava imersa em um lamaçal coordenado pela Igreja e pelo Estado, propagando valores conversadores e burgueses.

“Quanto estéril horror/urge se todo o corpo/que amava desde novo/pois seguro de amor”, diz a estrofe de “Anjo impuro”, uma crítica ao modus operandi do catolicismo que Pasolini acreditava massacrar o verdadeiro amor por meio da alienação religiosa. Ele acreditava que o mal do século estava no consumismo e na padronização da cultura. Por isso, se colocava como “força do passado” e elemento anacrônico.

A catarse de sua revolta com o governo italiano é o poema em prosa “Romance dos massacres”, um dos mais diretos e brutais escritos por Pasolini. “Eu sei os nomes dos responsáveis pelos massacres de Brescia e de Bolonha cometidos nos primeiros meses de 1974.” Esse era seu dever como intelectual, colocar-se a serviço do povo.

 Pasolini nunca fugiu à estética da miséria, uma estética em que tudo é reduzido ao mínimo para expor ao máximo as falhas de um sistema social às raias de um colapso. 

Estética da miséria

Pasolini era filho de um militar de carreira e de uma professora, e jamais escondeu seu passado pequeno-burguês – fazendo com que carregasse uma espécie de culpa por sua própria origem. Poemas traz à tona textos em que o escritor e cineasta se coloca à mercê de seus inimigos para lutar pelos mais fracos, como nos versos de “Villota” e “Versos finos como traços de chuva”, ambos tirados do livro La Nuova gioventú (1975), inspiraria a canção de mesmo nome da Legião Urbana quase duas décadas mais tarde.

Já no final da vida Pasolini se posicionava em uma vanguarda indistinta. Seu último longa-metragem, Salò ou 120 dias em Sodoma (1975), é ainda um dos mais polêmicos de todos os tempos. O filme funciona como uma alegoria à Itália afundada em uma segunda onda fascista. Já a sua poesia ficou marcada por trabalhos como “Os Jovens infelizes”, de Lettere luterane (1976), em que clama às novas gerações a se rebelarem por meio das artes e do conhecimento secular.

Pasolini nunca fugiu à estética da miséria, uma estética em que tudo é reduzido ao mínimo para expor ao máximo as falhas de um sistema social às raias de um colapso. E ter em mãos sua obra poética traduzida para o português reafirma a sua importância como pensador e homem das letras, tanto quanto como cineasta e romancista.

POEMAS | Pier Paolo Pasolini

Editora: Cosac & Naify;
Tradução: Maurício Santana Dias;
Tamanho: 320 págs.;
Lançamento: Setembro, 2015.

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Tags: Cosac NaifyLiteraturaliteratura italianaPier Paolo Pasolinipoemaspoesia italiana

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