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‘Pssica’: a lógica da crueldade

Em 'Pssica', Edyr Augusto conta em ritmo frenético uma história sobre drogas e prostituição infantil.

porEder Alex
3 de fevereiro de 2016
em Literatura
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'Pssica': a lógica da crueldade

O autor Edyr Augusto. Imagem: Reprodução.

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Após o vazamento de um vídeo em que pratica sexo oral no namorado, uma adolescente começa a ser humilhada e chamada de vagabunda na escola. Ao chegar em casa, é xingada pela mãe, espancada pelo pai e acaba sendo expulsa. Quando pede ajuda para o namorado, ele ri da sua cara e a agride na frente dos amigos. Deu para acompanhar? Calma, que ainda estamos na primeira página de Pssica, publicado pela Boitempo Editorial, possivelmente o livro brasileiro mais surtado e violento dos últimos anos.

O escritor paraense Edyr Augusto nos apresenta um painel absolutamente perturbador e corrosivo do mundo das drogas e do tráfico de mulheres. Após partir de um ponto infelizmente bastante comum, o vazamento de um vídeo íntimo e as suas consequências nocivas, o autor deixa qualquer aspecto tecnológico de lado e parte para um universo primitivo feito todo de sangue e sexo. Quando a garota se vê sem rumo, seu destino acaba por ruir de vez quando ela é sequestrada por traficantes de mulheres que exploram a prostituição em regiões ribeirinhas do Pará, uma terra sem lei.

Transitando por Belém, Ilha de Marajó e subindo até a capital da Guiana Francesa, Caiena, a trágica vida da adolescente vai se misturando às histórias dos bandidos e de gente comum que de repente se vê inserida numa sangrenta vingança. E quando digo sangrenta, quero dizer sangrenta pra caralho, com membro sendo amputado na base do facão e tudo.

O escritor paraense Edyr Augusto nos apresenta um painel absolutamente perturbador e corrosivo do mundo das drogas e do tráfico de mulheres.

O enredo é formado por essas pequenas narrativas que aos poucos vão se conectando ou ficando pelo meio do caminho de forma abrupta e assustadora. É como se o caos fosse todo costurado com pequenas linhas de desespero, formando uma imagem bastante nítida em que podemos ver a ruína humana iluminada por um sol insuportável.

Um livro assim poderia facilmente ser reduzido à estética da violência, fazendo muito maluco se lambuzar com as inúmeras cenas chocantes. Contudo, me parece que Edyr Augusto escapa da “violência pela violência” ao entupir o livro de narrativas ágeis e desconcertantes, que contam com um profundo contexto de denúncia e de visibilidade da degradação social, bem como de completa ausência do Estado. Ao mesmo tempo em que denuncia um tipo de violência que, por incrível que pareça, chega num nível quase inimaginável para qualquer pessoa distante do norte do país, o autor não deixa de lado a estrutura do romance e o desenvolvimento de seus personagens. Trata-se de ficção, é claro, mas as farpas da realidade aos poucos vão invadindo a carne sob a unha.

Uma das coisas mais impactantes do livro é a sua linguagem. As frases variam entre curtas ou curtíssimas. Sem floreio algum, Edyr Augusto busca no mínimo do mínimo da linguagem, uma espécie de poesia imunda e impactante, que possui uma cadência simplesmente viciante, tornando meio impossível largar a leitura. É bem difícil não pensar em Dalton Trevisan e Rubem Fonseca, já que tanto os temas quanto a forma se assemelham, contudo, o autor paraense caminha com as próprias pernas na medida em que faz um excelente uso da técnica e nos apresenta contextos e reflexões bem diferentes das de deus colegas consagrados.

Definitivamente Pssica (essa palavra é uma gíria para uma espécie de maldição) não é um livro para quem tem estômago fraco. A TV e a internet já nos dessensibilizaram um tanto, mas aquilo que vemos ali nas páginas do romance consegue ser ainda mais devastador. Se ao sul as coisas já não vão nada bem, sugiro que você tranque a respiração ao se aproximar da linha do Equador.

PSSICA | Edyr Augusto

Editora: Boitempo
Tamanho: 96 págs.;
Lançamento: Dezembro, 2014.

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Tags: CríticaCrítica LiteráriaEditora BoitempoEdyr AugustoLiteraturaLiteratura BrasileiraLiteratura ContemporâneaPssicaResenhaViolência

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