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Os passeios de Paul Auster em ‘A Trilogia de Nova York’

Com personagens à deriva de si mesmos, 'A Trilogia de Nova York' é uma metáfora de Paul Auster para a busca de identidade.

porJonatan Silva
31 de agosto de 2018
em Literatura
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Os passeios de Paul Auster em 'A Trilogia de Nova York'

Imagem: Reprodução.

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Paul Auster começou sua carreira como poeta. Não deu muito certo. Lançou uns poucos livros e não chamou muita atenção. Sua obra em verso, que está reunida em Todos os poemas, só ganhou holofotes quando seu autor já era um romancista renomado anos mais tarde. Frustrado e precisando de dinheiro, Auster escreveu A Cidade de Vidro (1985), primeira parte d’A Trilogia de Nova York (1987). Ainda que não pretendesse escrever ficção, foi vencido pelo sucesso que alcançou.

A Cidade de Vidro inaugura um tema que se tornaria caro ao escritor: a questão da identidade. Daniel Quinn, um autor de livros policiais, recebe um telefonema à procura de alguém chamado… Paul Auster – que no caso seria um detetive particular. Cansado de negar que ali não existe ninguém com aquele nome, Quinn assume o lugar daquele que é procurado e acaba envolvido em uma trama rocambolesca. O cenário dessa sátira dos livros noir: o bairro do Brooklyn, cenário que seria usado ao longo de todos seus livros e filmes.

Em Fantasmas (1986), Auster usa o jogo de espelhos – metaforizado por uma janela – para discutir novamente a questão de identidade. Blue é contratado por White para espionar Black. Seu ponto de observação é a sala de um apartamento vazio. Do outro lado da rua, White se deixa observar em uma espécie de jogral bizarro. O Quarto Fechado (1986), terceiro livro da trilogia, é uma releitura de Hawthorne. Fanshawe desaparece, deixando para trás sua vida confortável com esposa e filhos e uma obra literária considerada “notável”, cuja publicação só aconteceu após o seu sumiço. Cabe a um amigo de infância resolver esse mistério.

Os três romances d’A Trilogia deixam o leitor como insetos em volta da lâmpada.

Doença

Auster, amplamente influenciado pela literatura do absurdo e pela ficção de polpa, é sagaz ao construir sua própria identidade por meio da ausência – ou nulidade – de consciência de si em seus personagens. Como em Viagens no scriptorium, Paul Auster usa o vazio que acomete a humanidade para, justamente, humanizar suas criações.

E o seu poder de criação parece surgir do desconhecido. Sem saber exatamente para onde o livro segue, o escritor deixa – como fazia Nabokov – que a história guie a ela própria. Como disse à revista Estante, por ocasião do lançamento do seu livro mais recente, 4, 3, 2, 1, ninguém escolhe ser escritor: a profissão é quem o escolhe. “Ser artista de qualquer tipo é algo que se apodera de nós. É como uma doença. Somos infectados cedo e nunca recuperamos”, comentou.

Os três romances d’A Trilogia deixam o leitor como insetos em volta da lâmpada. O que menos importa é o desfecho, já que o canto da sereia de Auster vai levando o leitor pela mão página por página. Enrique Vila-Matas, durante uma conversa com o amigo, fez a melhor definição de Auster: passear é desenhar. Os personagens que se movimentam no Brooklyn desenham seus passos pela rua – e em uma das histórias isso é literal – como se fizessem da caminhada um mapa visível.

Silêncio

A falsa simplicidade de Auster é um dos seus segredos. A sua literatura é seca, ao melhor modo de Kafka – mas não é burocrática ou sombria –, não tem a pompa de Ian McEwan ou as metáforas elucubradas de Roth. É um fazer literário muito particular.

O silêncio é um grande narrador em seus livros. A maneira como narra descende da forma como escreve: somente em cadernos. Resistente às máquinas de escrever, Auster não passa nem perto dos computadores para criar seus livros. “Eu tenho fetiche por cadernos com páginas quadriculadas”, revelou à The Paris Review.  Aos 70 aos, escreve como fazia aos 20. Esse modus operandi inegavelmente dá unidade à sua produção literária.

É fácil se apegar aos personagens de Auster. Como todos eles, estamos também à procura de nossa identidade e independência. E A Trilogia de Nova York é um bom começo para ser iniciado no passeio de Paul Auster.

A TRILOGIA DE NOVA YORK | Paul Auster

Editora: Companhia das Letras;
Tradução: Rubens Figueiredo;
Tamanho: 344 págs.;
Lançamento: Janeiro, 1999.

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Tags: A Trilogia de Nova YorkBook ReviewCompanhia das LetrasCríticaCrítica LiteráriaEnrique Vila-MatasIan McEwanLiteraturaliteratura norte-americanaPaul AusterPhilip RothResenhaResenha de LivrosThe Paris Review

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