Róisín Murphy é um dos nomes mais interessantes da música pop há, no mínimo, 20 anos. Seja ao lado do Moloko ou em carreira solo, ela sempre foi sinônimo de avant-garde, de inovação e de criatividade que consegue expandir os parâmetros do pop de forma única.
Apesar disso, ela é uma figura ainda desconhecida por muitos. Seu nome parece ser sempre bem quisto entre críticos, fashionistas ou entendidos de música, mas ela segue como uma famosa-desconhecida ao público médio.
Depois de dois recentes excelentes discos, Hairless Toys (2015) e Take her up to monto (2016), Róisín está trabalhando ao lado do produtor de house Maurice Fulton. Dessa parceria, saíram dois singles, isto é, quatro faixas e dois clipes dirigidos pela própria Murphy. Como a excelente “All My Dreams”.
Apesar de extremamente bem quista pela mídia, Róisín segue se sentindo uma outsider na indústria musical. Dia quatro de julho, a cantora irlandesa fez um desabafo em seu Twitter sobre a sua relação com a indústria.
“Eu tenho chorado um monte, estou cansada. Eu sinto que estou batendo minha cabeça contra a parede. Eu faço interessantes e surpreendentes discos, eu me mato para criar uma estética, provando assim que isso tudo é sobre ideias e sobre a minha alma […] E mesmo assim, eu só tenho indiferença da indústria”, escreveu Róisín.
Ela ainda completou dizendo: “preciso de algum tipo de apoio, preciso de um escritório fazendo seu trabalho antecipadamente, preciso de outros para trabalhar apenas uma fração, tanto quanto eu”. É o desabafo de uma artista cansada de levar todo o seu trabalho sozinha nas costas.
Depois desse comentário, ela recebeu o apoio do Garbage e de diferentes jornalistas de música. Em um dos replies, ela até completou: “não tenho medo do trabalho árduo, mas é complicado quando você segue tendo as portas fechadas para você”.
Róisín é uma artista pioneira, criativa e surpreendente, por isso é extremamente doloroso de se ler um relato desses
Róisín é uma artista pioneira, criativa e surpreendente, por isso é extremamente doloroso de se ler um relato desses, que prova que ela se sente solitária e incompreendida, simplesmente por tentar ser genuína em seu trabalho. É algo comum quando se fala de artistas criativos e diferentes, mesmo assim não deixa de ser algo triste.
Isso tudo é fato: não se ouve Róisín no rádio, não vemos ela na MTV, pouco se fala dela nos portais pop, ela no máximo tem o respeito de publicações de nicho.
Róisín Murphy é genial quando mistura música eletrônica e pop; além disso, é um ícone fashion e consegue construir um universo imagético complexo em torno de suas canções (joguem Róisín Muprhy + Lady Gaga no Google e vejam que metade dos looks tão “ousados” de Gaga foram usados antes por Róisín).
Ativa desde os idos do trip hop, ao lado do Moloko, Róisín é uma das artistas mais criativas e interessantes em atividade atualmente, podendo ser facilmente inserida ao lado de gente como Björk, Grace Jones e Fever Ray, por exemplo. Ela precisa ser valorizada de diferentes formas.
Enquanto ela segue sendo deixada de lado pela indústria, cabe a nós divulgarmos e tentarmos mostrar o quanto ela é surpreendente e instigante. Por isso digo e repito: ouçam Róisín Murphy. Ouçam muito alto! Toquem na balada. Indiquem aos seus amigos. Essa mulher merece nossa atenção!