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Barão Vermelho colocou blues no rock nacional oitentista

Álbum de estreia do Barão Vermelho lançado em 1982 deu mostras da qualidade e versatilidade das composições de Cazuza e Frejat.

porDaniel Tozzi
23 de março de 2018
em Música
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Barão Vermelho colocou blues no rock nacional oitentista

Capa do disco. Imagem: Reprodução.

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Empolgante. Assim pode ser definida a estreia do Barão Vermelho na música nacional. O debute da banda carioca veio em 1982 com o disco homônimo. Um grande fracasso de vendas, é verdade, mas que hoje, mais de três décadas depois de seu lançamento, da consagração da dupla Frejat/Cazuza como compositores e da entrada deste último para o panteão dos grandes artistas da nossa história, tem seu devido reconhecimento como trabalho de rock brasileiro.

Inserido no contexto da efervescente cena do rock nacional da década de 1980, os garotos do Barão trouxeram uma pegada clássica e revigorada de um som roqueiro que na década aprendeu a se reinventar. O álbum de estreia da banda é muito mais blues e rock dançante do que new-wave, pós-punk ou mesmo uma MPB com toques eletrificados, outras características marcantes presentes nos trabalhos de rock nacional da década.

Sob a batuta de Ezequiel Neves, um dos grandes nomes do jornalismo musical brasileiro e peça-chave na produção da edição brasileira da revista Rolling Stone, nos anos 1970, o Barão Vermelho entrou nos estúdios em maio de 1982. Convencida pelo próprio Ezequiel (que produziu o álbum), a Som Livre recebeu os cinco garotos e em apenas dois dias as faixas do disco foram gravadas.

“Posando de Star” é um blues animado com os irônicos versos cantados por Cazuza em harmonia com a veloz cadência dos instrumentos. “Pouco me importa o que essa gente vá falar/ falem mal/ Eu já tô pra lá de rouco, louco total / Eu sou o teu amor, me entenda / Você precisa descobrir o que está perdendo / É, o que está perdendo! / Botando banca, posando de star / Você precisa é dar!”, disseca o poeta de sua geração numa época em que a liberdade sexual no país ainda necessitava de doses da democracia que ainda estava por vir.

“Down Em Mim” é um dos clássicos do álbum. Bastante melancólica, destaque para um belo solo de guitarra que irrompe na faixa em meio ao misto de ira e desespero dos versos da canção. A música seguinte, “Conto de Fadas”, tem precisas doses de revolta contra a classe média. Refém de sua própria realidade (Cazuza era filho do empresário musical João Araújo, um dos proprietários da Som Livre), a letra talvez seja uma reflexão do cantor acerca de si mesmo. “Tudo bem, você se mandou? Não aguentou o peso da barra/ Que é escolher viver de verdade/ Se arregou, parou na metade/ Agora vai, vai correndo pra casa/ Papai e mamãe tão na sala/ Te esperando, tão jantando/ É, planejando um futuro normal, que mal!”.

Inserido no contexto da efervescente cena do rock nacional da década de 1980, os garotos do Barão trouxeram uma pegada clássica e revigorada de um som roqueiro que na década aprendeu a se reinventar.

Aliás, importante ressaltar como esta canção dá mostras da incrível capacidade dos membros do Barão enquanto instrumentistas. Com exceção de Cazuza, “veterano” da banda com 24 anos, todos os integrantes entraram no estúdio para a gravação do trabalho com menos de duas décadas de vida completas.

Frejat na guitarra, Guto Goffi na bateria, Dé no baixo e Maurício Barros nos teclados fizeram parte da formação clássica do Barão, que fez fama no início dos anos 80 e compôs hinos para aquela geração de jovens brasileiros que viam a derrocada do regime militar no comando do país.

“Billy Negão” traz um rock em estado puro. Criatividade, energia e letra bem-humorada fazem parte da canção que segue o padrão estabelecido em quase todo o disco: teclados animados, batidas ágeis e os precisos solos de guitarra de Roberto Frejat.

Numa temática meio desbundada e contando as desventuras do jovem que decide deixar a vida confortável para trás, “Certo Dia Na Cidade”  reaviva uma temática que brada pela liberdade e o desejo da busca pelo novo e a experimentação.

Talvez seja Cazuza novamente se voltando para suas angústias. “Tchau, mãezinha, fui beijar o céu/ A vida não tem tamanho/ Tchau, paizinho, eu vou levando fé/ É tudo luz e sonho/ É tudo luz e sonho/ Eu vou viver, vou sentir tudo/ Eu vou sofrer, eu vou amar demais”.

“Ponto Fraco” é um momento romântico do disco, mas à maneira que o Barão Vermelho e que o rock dos anos 80 no Brasil pediam. “Benzinho, eu ando pirado/ Rodando de bar em bar/ Jogando conversa fora/ Só pra te ver/ Passando, gingando/ Me encarando/ Me enchendo de esperança/ Me maltratando a visão”/Todo mundo tem um ponto fraco. Por que você não é o meu?”, decreta Cazuza.

“Todo Amor Que Houver Nessa Vida” é daquelas clássicas na voz de Cazuza, porém também igualmente reconhecida pela versão de Cássia Eller anos mais tarde. Um pouco distante do blues, ou do rockabilly da maioria das faixas do álbum, esta, a penúltima do trabalho, mostra um tom um pouco mais artificial e com a cara de um “proto-punk”, quase num estilo da contemporânea Legião Urbana.

Na faixa final, um tesouro da nossa música se faz presente em “Bilhetinho Azul”, um autêntico blues voz e violão. Melancólica e cadenciada a canção apresenta Cazuza em um timbre suave com direito aos vocais de apoio em coro. “Como pode alguém/ Ser tão demente, porra louca, inconsequente/ E ainda amar?”, são um dos icônicos versos da canção em mais essa excelente parceria entre Frejat e Cazuza.

Mesmo que a explosão definitiva do Barão Vermelho só tenha se concretizado com o lançamento do terceiro disco, Maior Abandonado (1984), e sua histórica apresentação no Rock in Rio do ano seguinte, Barão Vermelho foi fundamental para o conjunto se situar na cena do rock carioca – que à época ainda via surgir nomes como a Blitz e os Paralamas do Sucesso – e pintar como uma das bandas mais inventivas do país no período.

A efusiva e cirúrgica parceria entre Frejat e Cazuza nas letras unida ao talento musical e melódico de todo conjunto fazem deste álbum um dos momentos mais deliciosos dos anos 80 na música nacional.

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Tags: Barão VermelhobluesCazuzaCrítica MusicalEzequiel NevesfrejatMusic ReviewMúsicaResenhaReviewRockrock nacionalSom Livre

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