Formada em 2010, a Comsequência encabeça a linha e frente do metalcore paranaense. Seu mais recente trabalho, Por um ideal, por paz, por amor, é recheado de ótimas harmonias, guitarras pesadas, uma cozinha entrosada, que juntos criaram um clima caótico digno dos grandes nomes do gênero.
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Inserindo inclusive algumas cargas que apresentam um lado mais pop do grupo maringaense, Por um ideal, por paz, por amor busca nas raízes do gênero a essência de suas passagens melódicas e seus breakdwons, usando criatividade na formatação de seus riffs, que são densos, ágeis e muito seguros.
O quinteto formado por Eduardo Rodrigo, Allan Loverman, Gary Azevedo, Silvio de Carvalho e Firmino Mendes coloca à prova um repertório com rajadas fortes e muito peso, mesclando letras e músicas com um vocal agressivo, elemento que sempre foi característico do grupo de Maringá. Mesmo que perceptíveis, influências de grupos como A Day to Remember, Parkway Drive e Terror conversam bem com a proposta autoral de metalcore do grupo, resultando em uma sonoridade com bastante qualidade e variação, que se encaixa em um espectro muito particular e próprio do grupo.
A cartela musical trabalhada no disco é um mix equilibrado e completo, capaz de criar refrãos marcantes ou frases que reverberam na mente do ouvinte, como no caso de “29 de Abril de 2015”, um bom exemplo das virtudes que o material traz. A Comsequência é muito feliz em fugir das obviedades e de composições genéricas, que não raramente povoam as vertentes derivativas do hardcore. Se tem sido uma máxima o amontoado de estrofes, frases de impacto e lugares-comuns, o quinteto de Maringá é feliz em soar natural, abraçando elementos sonoros e estéticos que parece dominar melhor.
A cartela musical trabalhada no disco é um mix equilibrado e completo, capaz de criar refrãos marcantes ou frases que reverberam na mente do ouvinte.
Em outro contexto, talvez a participação do rapper Cleiton MC soasse estranha, mas dentro da narrativa proposta pela banda, a participação do músico de Sarandi, recentemente envolto em uma confusão com o prefeito de sua cidade, que registrou queixa contra Cleiton por apologia ao crime por conta de uma canção do artista, faz todo sentido, indo ao encontro da mensagem que a banda pretende transmitir.
Depois destes anos de estrada, apresentações, EP, singles, chegar a Por um ideal, por paz, por amor nos mostra uma banda que soube aperfeiçoar seu som, na mesma medida em que empurraram sua escrita para outro nível, conseguindo juntar elegância e profundidade, peso e cadência, chegando ao ponto de torná-lo um marco de ecletismo sonoro amplo. Decerto, nunca poderão acusar a Comsequência de não ser forte o suficiente. Se por algum instante isto passar por sua cabeça, lembre-se sempre do quão explosivo é este álbum de 2017.