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‘Roteiro para Aïnouz, Vol. 3’: o caminho de Don L para chegar ao topo

porRômulo Candal
27 de julho de 2017
em Música
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“Eu tô nesse jogo por um bom tempo / E eu nem gravei um disco”. A frase, que abre “Fazia Sentido”, segunda faixa de Roteiro para Aïnouz, Vol. 3, é um praticamente um resumo da carreira de Don L até aqui. Com duas mixtapes icônicas na bagagem, o rapper vem fazendo muito barulho antes mesmo de lançar um “álbum” propriamente dito.

Nascido em Fortaleza, Ceará, o MC apareceu para o hip-hop brasileiro em 2007, quando lançou com o grupo Costa a Costa a mixtape Dinheiro, Sexo, Drogas e Violência de Costa a Costa, que recebeu excelentes críticas e recepção do público e até hoje é lembrada como um marco do gênero no nordeste. Depois disso, veio a elogiadíssima estreia solo, com a mixtape Caro Vapor / Vida e Veneno de Don L, que ajudou a consolidar a posição de Don L no cenário e aumentar ainda mais o falatório em torno dele.

Primeira parte de uma trilogia que começa pelo fim, o EP Roteiro para Aïnouz, Vol. 3 foi aguardado ansiosamente pelos fãs de rap nacional. Não era pra menos: os projetos anteriores de Don L mostravam um rapper muito talentoso, já maduro, com visão de futuro e requinte estético acima da média. O novo registro, batizado em referência ao diretor de cinema cearense Karim Aïnouz, chega para superar as expectativas e mostrar que a trajetória do rapaz há de ser longa e bem-sucedida.

O novo registro, batizado em referência ao diretor de cinema cearense Karim Aïnouz, chega para superar as expectativas e mostrar que a trajetória do rapaz há de ser longa e bem-sucedida.

O tom geral do EP é de enfrentamento e insubmissão. Logo na faixa de abertura, “Eu Não Te Amo”, Don L escancara sentimentos de frustração com a cena atual e os MCs que posam de gangsta, exibindo seus baseados no Snapchat. “Você não me engana, é tudo superficial”, crava, cutucando muita gente para mostrar que não é só mais um. A música também se propõe a fincar uma bandeira nordestina no cenário, graças à participação do rapper pernambucano Diomedes Chinaski, uma das gratas surpresas atuais do gênero.

O descontentamento continua na faixa seguinte, “Fazia Sentido”, quando Don abusa da personalidade que seu flow carrega e aproveita para ironizar os grupos de rap que carecem de conteúdo e preferem ostentar marcas: “Cê fez uma grana e não trouxe ninguém, num fala que isso é hip-hop / Seu lance é ser modelo free da Supreme, num fala que isso é hip-hop”.

Os pontos altos do EP, no entanto, ficam por conta de seus momentos mais reflexivos. “Aquela Fé” tem cara de autobiografia e é uma música emotiva, onde Don L exorciza alguns demônios, admite as contradições e sente saudades da esperança que sua versão jovem cultivava. “Eu devo tá errado, eu sou comunista e curto carros / Eu quero vencer e faço amizade com fracassados / Eu quero ser amado assumindo quando amo pra caralho”. Sobre a antiga gana de viver, os questionamentos: “Ah, que saudade do que eu nunca mais vi / No fundo dos meus olhos / Será memo que eu me perdi / Pelos meus caminhos tortos?”. A fragilidade das personalidades e as máscaras sociais também são tema aqui, através de um Don pensativo. “Tem dias que eu acho tudo inútil / Nossa melhor versão é puro ego, fútil”, analisa, desesperançoso.

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Outro destaque de introspecção se apresenta em “Ferramentas”, faixa com beat triste, de tom menor, que traz uma letra curta e metafórica. As “ferramentas” de Don L são as armas que ele utiliza pra vencer suas batalhas: as “notas de cinco a cinquenta” que viabilizam o sonho artístico, que garantem o brinde com um “champagne bom”. Termina com uma declaração de Gato Preto, amigo pessoal de Don, que fecha falando sobre liberdade, a “Liberdade na premissa genuína do que é ser livre: cada um faz seu trampo, da forma que quer, do jeito que quer”. Um dos momentos marcantes do EP.

Roteiro para Aïnouz, Vol. 3 termina com outra grande faixa, “Laje das Ilusões”, que representa bem uma das grandes virtudes de Don L. Versando sobre a fugacidade do tempo e a urgência da vida, mistura a realidade ao delírio, o físico ao virtual – e faz isso de forma leve, sem precisar metralhar referências ou caçar palavras difíceis em dicionários. Don é um letrista preciso e natural, que não apela para punchlines forçadas nem citações baratas.

Produzido pelo próprio Don L e por Deryck Cabrera, com co-produção de nomes pesados como Luiz Café, DJ Caíque, Sants e Leo Justi, Roteiro para Aïnouz, Vol. 3 é musicalmente caprichadíssimo. Cercado de músicos e produtores talentosos, Don conseguiu extrair de cada um deles o clima necessário para as diferentes histórias que o disco conta. Gravadas em vários lugares e situações diferentes, cada faixa tem uma assinatura própria, e isso que confere ao álbum uma vivacidade rara nos tempos atuais, em que os subgêneros do rap costumam vir bem definidos: aqui tem elementos de boombap, elementos de trap, elementos de rock e elementos de música brasileira, sem distinção nem preconceito. Cabe até uma guitarra venenosa de Fernando Catatau (Cidadão Instigado, em “Cocaína”) e um solo intenso de saxofone do genial Thiago França (Metá Metá, em “Cocainterlúdio”). Além deles, participam os MCs Terra Preta, Nego Gallo e Lay.

Don L planeja mais dois EPs, as partes 2 e 1 do projeto Roteiro para Aïnouz, cujo objetivo é ser uma contextualização e também uma espécie de “fundação” para a obra a ser produzida futuramente em sua carreira. Se esse primeiro EP já é dos lançamentos de rap nacional mais fortes de 2017 – que rivaliza até com o genial Galanga Livre, de Rincon Sapiência –, os próximos anos prometem reservar a chegada definitiva de Don L ao panteão do rap nacional.

Ouça ‘Roteiro para Aïnouz, Vol. 3’ na íntegra no Spotify

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Tags: boombapCearáCrítica MusicalDiomedes ChinaskiDon LFlowFortalezaMúsicaRapRap NacionalreflexãorimasRoteiro para Aïnouz Vol. 3São Paulotrap

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