Desde o começo do ano, quando o Queens of the Stone Age confirmou os rumores sobre o lançamento de um novo álbum, Villains vem sendo aguardado ansiosamente. Através de uma extensiva campanha envolvendo as redes sociais e a divulgação massiva da identidade visual do disco em diversas cidades da Europa e dos Estados Unidos, a banda conseguiu criar um clima de expectativa e ansiedade que não foi sequer minimizado pelo vazamento precoce do álbum, que aconteceu há algumas semanas atrás. Ontem (25), Villains foi finalmente disponibilizado em diversas plataformas online, como Spotify e Apple Music.
Com a produção de Mark Ronson, cuja presença no álbum foi garantida por Lady Gaga, pois foi durante as gravações de Joanne que Ronson e Josh Homme se conheceram e acabaram combinando forças, Villains foi anunciado pela banda como um flerte com gêneros musicais supostamente mais dançantes. E a audição do álbum confirma todos os rumores que se espalharam sobre a produção de Ronson. Villains mostra um Queens of the Stone Age mais rápido, com uma combinação marcante de riffs velozes e batidas sincopadas.
A questão é que, por melhor que seja o supostamente novo e dançante álbum do Queens of the Stone Age, ele não consegue superar em complexidade e musicalidade seu antecessor, o memorável …Like Clockwork. A faixa de abertura, “Feet Don’t Fail Me”, apesar de possuir uma sonoridade stoner que se tornou a marca registrada da banda, cai na falha que acaba vitimando a maior parte do conjunto geral do disco: a extensão. Com a maioria das músicas passando de seis minutos de duração, acaba se tornando muito difícil que o produto final seja um álbum de fôlego.
Ao longo das nove faixas que compõem Villains, é claro que há pontos indubitavelmente altos, como é o caso de “The Way You Used To Do”, que já havia sido música de trabalho, “Head Like a Hunted House”, que também, vale a pena salientar, é a faixa mais curta do álbum, e “Domesticated Animals”. Mas, no geral, a promessa foi maior do que produto entregue por Josh Homme e cia.
A outra faixa de trabalho, “The Evil Has Landed” também é outro ponto alto, mas, apesar disto, o disco em si trouxe poucas surpresas, ainda que possamos ver a banda explorando diferentes sonoridades, como sintetizadores e batidas mais eletrônicas. Já outros momentos, como “Un-reborn again”, chegam a soar quase cansativos quando comparados com o que foi estabelecido como o padrão do conjunto.
Villains mostra um Queens of the Stone Age mais rápido, com uma combinação marcante de riffs velozes e batidas sincopadas.
A maior parte dos veículos especializados foi unânime em afirmar que Villains é um dos melhores álbuns da carreira da banda, que a genialidade de Homme encontrou na flexibilidade de Mark Ronson a fórmula perfeita para combater a chatice e o formato cansado das ditas bandas de rock da atualidade. Por mais que isso em parte seja verdade, que os riffs de Josh Homme continuem soando sensuais e violentos como em Rated R, o último disco do Queens of the Stone Age está longe de ser o melhor de sua carreira, não apenas pelos motivos que já abordamos, mas por algo que sempre fica além da opinião dos especialistas, a palavra dos fãs.
Ainda que todos nós – e aqui não tenho nenhum pudor em me incluir – tenhamos recebido o lançamento com empolgação, isso desvaneceu após a primeira audição de Villains, e a sensação que ficou foi uma espécie de muito barulho por nada.
Porém, se me fosse permitido aqui dar um conselho para aqueles que ainda não ouviram o álbum ou tem pouca intimidade com a banda, eu diria para que preferissem dar uma atenção especial ao antecessor dele, ou ao ainda mais clássico Songs for the Deaf, quem sabe. A comparação acaba sendo inevitável, não apenas porque …Like Clockwork parecia ter um direcionamento mais claro no que diz respeito ao encadeamento das faixas e construção de uma musicalidade da banda em si, mas era quase como se de fato pudéssemos afirmar que Josh Homme é um desses casos unânimes que chega ao auge sem se vender e sem tampouco perder sua forma. Villains, no entanto, infelizmente acaba soando como um experimento interessante que não acrescenta tanto à discografia da banda. Uma pena.