Há certo estranhamento quando colocamos as palavras música e produto lado a- lado. Embora esta discussão seja infinita e às vezes polêmica, é inevitável que esses termos um dia se cruzem. O fato é que a música dos dias de hoje – independente ou de mainstream – é capaz de gerar lucro, além de sustentar parte de outros segmentos como telenovelas, cinema, publicidade e games, por exemplo. Infelizmente, a quantidade desta renda não depende necessariamente de seu valor estético.
Desde o enfraquecimento econômico das grandes gravadoras, produtoras culturais vêm criando outros mecanismos de acesso ao mercado para artistas que transitam no circuito mais alternativo. Uma destas ferramentas, que virou tendência nos últimos anos, é a feira de negócios em música.
![Womex](http://www.aescotilha.com.br/wp-content/uploads/2018/05/womex-feira-musica.jpg)
Como tudo na vida moderna, a comunicação e a distribuição em arte evoluíram com rapidez, sufocando quem não está totalmente conectado. Para colaborar na formação e capacitação de agentes culturais e incentivar a geração de negócios no contexto da cena sulista brasileira, nasceu a FIMS – Feira Internacional da Música do Sul.
Em sua segunda edição (a estreia foi em 2016), a FIMS dá um zoom nos artistas com potencial de circulação nacional e internacional. Em 2016, o evento se concentrou na cena artística dos estados do sul do Brasil, concretizando movimentos espontâneos que já brotavam entre artistas e produtores. Uma ação inédita, essencial e necessária cujo resultado foi rico e bem-sucedido. Em 2018, a feira adota um modelo mais global, abrindo portas para a exposição de trabalhos de todo o Brasil e América Latina.
Há certo estranhamento quando colocamos as palavras música e produto lado-a-lado. Embora esta discussão seja infinita e às vezes polêmica, é inevitável que esses termos um dia se cruzem.
A FIMS segue um modelo de feira já consolidado no mundo. Uma das mais imponentes feiras do mundo é a itinerante WOMEX – World Music Expo. Desembolsando um valor considerável – a partir de 450 euros -, é possível ter acesso ao evento, onde estão stands com as mais variadas modalidades do ramo. Gravadoras, festivais, selos, produtores e canais de TV, associações, jornalistas, estúdios, bookers, produtores musicais, etc. Todos com a intenção em desenvolver parcerias e oportunidades comerciais. Se o artista estiver apto e compreender o ritmo do mercado, encontrando um rumo coerente com sua arte, deu match.
Outras feiras também se destacam. A CIRCULART, na Colômbia, apresenta uma programação diversa com foco nas tradições latino-americanas. Ao contrário da WOMEX, que centraliza seus eventos para credenciados, a CIRCULART explora palcos externos e, na opinião de quem já esteve em todos esses eventos, é a feira que mais dialoga com o público. Tem mais vibração em seus eventos (soy loco por ti, America), é mais democrática e acessível, a credencial custa aproximadamente 200 dólares.
No Brasil, as feiras tendem a mostrar uma linha curatorial mais clara. A Feira Música Mundo em Minas Gerais, por exemplo, tem um olhar mais inteligente para o mercado do jazz, enquanto a SIM SÃO PAULO caminha com mais interesse pela música pop. Outros encontros similares se espalham pelo Brasil e América Latina. Vale a pena se dedicar nessa pesquisa.
Curitiba e o mercado da música
Idealizado pelo músico Téo Ruiz, a FIMS faz uma compilação do formato feira e dá relevo aos eventos coletivos como palestras, workshops e painéis. São momentos para troca de informação e capacitação entre participantes e convidados. São programadores de festivais nacionais e internacionais, radialistas e críticos, gerenciadores de selos, assessores de carreira, bookers, especialistas em direitos autorais, educadores e representantes de instituições culturais, dispostos a debater, refletir ou conversar diretamente com artistas informalmente ou através de reuniões pré-agendadas pela organização. Essas reuniões individuais são chamadas speed meetings ou rodada de negócios e tem duração máxima 10 minutos. O edital para participar das rodadas de negócios encerra dia 18 de maio no site da FIMS.
Profissionais já confirmados para a edição de 2018:
Durante os quatro dias de junho (20, 21, 22 e 23), também serão realizados shows de artistas selecionados pela curadoria. São espetáculos de curta duração – showcases – destinados aos convidados e participantes da feira. No período noturno, a produção promete invadir os bares de Curitiba com agitadas jams sessions. As atividades diurnas serão realizadas no complexo do Portão Cultural.
Enquanto a programação geral não é divulgada, vale conferir o vídeo promocional sobre a primeira edição da FIMS, em 2016.