O Franz Ferdinand fez parte de um boom do início dos anos 2000, que marcou uma espécie de auge do indie. Com um som fácil de ser digerido e letras impossíveis de serem esquecidas, a banda parecia lançar hit atrás de hit e durante alguns anos conseguiu se manter numa posição de destaque interessante no meio musical. Com clipes cheio de personalidade e shows enérgicos, os escoceses do Franz Ferdinand acabaram eventualmente sendo ofuscados por outras bandas, em especial devido ao lançamento de álbuns não tão brilhantes ou inesquecíveis nos últimos anos.
Fato é que o Franz Ferdinand voltou. Always Ascending, lançado dia 8, é uma grata surpresa. Depois de uma sequência de trabalhos sem muita inspiração, o Franz Ferdinand parece ter retornado às origens com um álbum leve e dançante. Always Ascending não chega a ter o brilho da novidade ou a personalidade borbulhante do álbum que lançou a banda em 2004, mas sem dúvida é o que mais se aproxima.
As faixas curtas e cheias de instrumentação eletrônica parecem lembrar a banda que certo dia afirmou que seu desejo ao gravar discos era “fazer álbuns que as garotas pudessem dançar”. Escutar Always Ascending faz com que ficar parado seja difícil para qualquer um.
As faixas curtas e cheias de instrumentação eletrônica parecem lembrar a banda que certo dia afirmou que seu desejo ao gravar discos era ‘fazer álbuns que as garotas pudessem dançar’.
A primeira faixa, que dá nome ao disco, é uma das melhores, e a sequência “Lazy boy” e “Paper cage” lembra o Franz Ferdinand do começo da carreira, não apenas pela energia, mas pela capacidade que a banda sempre teve em transformar elementos bem simples em música de qualidade e de personalidade. É impossível não sair cantarolando “Lazy boy” por aí, mesmo que você só tenha ouvido a faixa uma única vez.
Alex Kapranos afirmou numa entrevista que seu desejo era fazer um álbum dançante, mas que ainda pudesse ser tocado essencialmente como uma banda, talvez querendo dizer que não desejava flertar tão a fundo com a música eletrônica a ponto de os integrantes terem seus papeis obliterados por sonorizações e computadores. E a sensação que Always Ascending passa é exatamente essa.
Por mais que haja uma verve claramente mais eletrônica, é possível imaginar todas essas faixas sendo executadas ao vivo. Na verdade, a curiosidade de vê-las ao vivo passa não por como a banda eventualmente lidaria com a multiplicidade de elementos que encontramos no álbum, e sim pelo fato de que as faixas refletem bem a energia da banda em suas apresentações.
Always Ascending, no entanto, por melhor que seja, não é perfeito. “Finally”, “Academy Award” e “Louis Lane”, em oposição às três faixas iniciais, mostram claramente menos fôlego e um momento talvez não tão bom, mas nada a ponto de arruinar a experiência. O álbum, porém, recupera o andamento e vai até a última faixa vibrando na mesma frequência.
Coeso e interessante, Always Ascending é a prova de que, quando menos esperamos, os artistas ainda podem nos surpreender. Definitivamente, vale a audição.