Esqueça por alguns momentos os moicanos coloridos, as jaquetas de couros com emblemas de banda e a Terra da Rainha. Há muito tempo que o punk rock se desfragmentou, criando inúmeras vertentes dentro do estilo, e se espalhou pelo mundo.
Se por um lado, o visual extravagante deu mais espaço aos bonés de aba reta e bermudões e a conduta mais agressiva e subversiva deu espaço ao besteirol sobre garotas e sexo, o ideal do faça você mesmo continua correndo pelas veias de punk rockers ao redor do mundo.
Já falamos aqui sobre a cultura do DIY (Do It Yourself) das bandas do gênero e também da internet como fator decisivo para lançar uma banda, como aconteceu com os garotos do 5 Seconds Of Summer. E agora vamos dar destaque a uma banda que tem se promovendo de uma maneira diferente das outras bandas.
Vindos da Terra do Heavy Metal e dos Vikings, os garotos do MadCraft parecem preferir trocar o estereótipo congelante de sua terra por uma Califórnia mais colorida. E fazem isso com músicas bem agitadas e grudentas como um chiclete.
O MadCraft fez sua estreia oficial com o single “Happy Song” no ano de 2013, lançada no iTunes e surpreendendo muita gente fora da Finlândia por ser uma banda da nova geração que faz um som bem próximo ao pop-punk Old School. Apesar de ainda não ter um álbum para chamar de seu, a banda lança singles e EPs nas plataformas, enquanto usa seu canal no YouTube para conquistar sua base de fãs. Nas palavras de um grande amigo, é lá que a mágica deles acontece.
Vindos da Terra do Heavy Metal e dos Vikings, os garotos do MadCraft parecem preferir trocar o estereótipo congelante de sua terra por uma Califórnia mais colorida.
Com mais de 12 mil inscritos, os garotos da MadCraft gostam mesmo é de zoar o barraco. Ao invés de se limitarem a clipes oficiais e gravações da banda em ônibus de turnê, a banda abusa de tirações de sarro, regravando a música de abertura de Friends, por exemplo, e também deixando nas mãos do baterista Otto a responsabilidade de gravar covers das bandas que certamente os motivaram a ter uma banda. Na caixa de comentários, as pessoas deixam piadas nonsense e a banda responde no mesmo humor.
O fato é que a banda sabe trabalhar brand content. Eles criam conteúdos além da própria música e da própria rotina e jogam as redes sociais, especialmente no seu canal. A pergunta é: eles fazem isso cientes das buscas mais realizadas no YouTube pelo seu target, ou eles simplesmente fazem isso por fazerem? Independente da resposta, tem funcionado muito bem.
Essa receita faz com que cada vídeo tenha milhares de visualizações e comentários positivos de gente que descobriu a banda tarde demais. MadCraft é um daqueles exemplos de banda que realmente toca para se divertir e cativa muita gente por aquele espírito que nasce na adolescência, mas que não morre nem com todas as responsabilidades que a vida joga.
Quanto ao aspecto técnico, a banda é um show à parte e jogar simples é parte de sua essência. Não existem riffs complexos, nem baterias com efeitos na mesma proporção que as bandas atuais do gênero usam.
As guitarras são simples e características do movimento, a base da banda é sempre linear e a bateria dá um toque extra com claras tentativas de se igualar a Travis Barker e Tré Cool. Os vocais, mesmo desafinando, são voluntariosos e divertidos e as músicas são no espírito do faço minhas próprias regras. A banda nos faz voltar aos bate-cabeças de 2004, mesmo com um 2016 logo pela metade.
Para quem sente saudades das festas da escola e da zoeira sem fim, MadCraft é uma ótima surpresa lá do norte da Europa. E seu tipo de som e cultura de “Faça Você Mesmo” torna tudo ainda mais interessante, por apostar no amor ao que toca e na criatividade para conquistar mais fãs.
Num momento em que as bandas de anos atrás começam a voltar lentamente, seja com singles ou EPs, ver uma nova molecada surgir na vontade de tocar é renovador, ainda mais com faixas tão contagiantes como “Never Had the Guts” e “All I Want Is You”.
MadCraft vale o play despretensioso, tanto em seu material quanto em seus vídeos. E sua forma de se apresentar é inspirador para bandas que precisam conquistar seu espaço em um mercado fonográfico já mais disputado, ainda mais com a internet.
Se o punk rock é definido por atitude, uma salva de palmas a esses garotos. Nenhum selo major conseguiria ensiná-los melhor a vender seu peixe. Nem a tocar suas guitarras.