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O Brasil ainda precisa redescobrir ‘Música para Dançar’, do DJ Zé Pedro

porRenan Guerra
29 de maio de 2017
em Música
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A MPB, na prática, nunca foi um gênero musical, mais uma tag comercial, onde você poderia colocar Caetano Veloso, Bethânia, Clara Nunes, Belchior e Dorival Caymmi, todos na mesma gôndola da sua loja de discos. Sempre construída sob gêneros como o samba, o forró, o jazz, o xaxado, o samba-canção e mais um tanto de outras sonoridades, a MPB construiu sobre si uma redoma na qual quase ninguém ousava tocar: MPB é o que está posto e pronto. DJ Zé Pedro, um desbravador de nossa música, não ligou para as negativas e se aventurou na ousadia de remixar clássicos no disco Música para dançar, um trabalho que, ainda hoje, 15 anos depois de seu lançamento, não foi inteiramente compreendido pelo Brasil.

Hoje em dia, ainda há muita gente que desdenhe da música eletrônica, porém, até os anos 90, as tensões musicais eram maiores: os roqueiros não consideravam a eletrônica como um gênero. A MPB, então, com seus bambambãs, jamais imaginaria requebrar em boates esfumaçadas ao lado de Club Kids. O fato é que os negros norte-americanos já eram alucinados por Kraftwerk desde os anos 70, o hip hop é construído sobre a música eletrônica e ela precisava reverberar aqui nos trópicos. Fernanda Abreu já tinha lançado discos lindos e até havia dado nova vida a “Jorge da Capadócia”, porém, em Música para dançar, Zé Pedro vai além e mescla alucinadamente as batidas clubber com coisas inimagináveis como “Retirantes”, de Dorival Caymmi.

Capa nacional de 'Música para dançar'
Capa nacional de ‘Música para dançar’. Foto: Divulgação.

Conversei com Zé Pedro e ele afirma “tenho muito orgulho dessa minha ousadia de mexer com tantos clássicos da MPB e cantores consagrados que jamais imaginariam ver suas canções em formato eletrônico”. Ele explica o cenário na época do lançamento: “era um momento difícil na minha carreira, porque vinha da superexposição como personagem ao lado de Adriane Galisteu [ele participou dos programas da apresentadora nos primórdios da RedeTV! e do Superpop] e o meu trabalho de DJ e pesquisador de música brasileira estava soterrado debaixo do status quo de celebridade televisiva. Os jornalistas vinham me entrevistar e só perguntavam sobre o programa que estava no ar e o público completamente desentendido – ou ignorava ou desconfiava do meu potencial para produzir tamanha ousadia musical”.

Conhecido por muitos por sua figura midiática, sempre carismática e intensa, é preciso relembrar que Zé possui um background muito maior: pesquisador da música brasileira e atento a todos os novos rumos que ela toma, ele já possuía uma carreira sólida como DJ e sabia de todos os riscos de sua ousadia. “Durante os anos 90, música brasileira era proibida nas pistas”, afirma Zé. “Várias vezes fui convidado pelos donos dos clubes a me retirar da cabine por insistir nesse estilo. Foi daí que surgiu essa minha ‘malandragem’: colocar beats eletrônicos em clássicos da MPB. Ao mesmo tempo, a moda me recebeu muito bem em 1996, quando fiz meu primeiro desfile ao lado de Giovanni Bianco para a marca Fórum, no Sesc Pompéia. Misturar Clementina de Jesus e Villa Lobos com pancadão me levou à capa dos jornais”.

A ousadia de Zé, obviamente, não foi lá muito compreendida no Brasil, porém, em “contrapartida, o mercado internacional se encantou pelo disco e ele foi lançado com outras capas pelo mundo. “Entrava numa loja em Nova York e estava tocando, amigo me mandava vídeo de aula de ginástica no Japão com os remixes. Era uma confirmação emocionante”. Algum tempo depois, o drum n bossa, misto de bossa nova com drum n bass, tomou conta do mundo e gerou inúmeros hits, até o quase esgotamento do gênero. Isso prova que, se melhor recebido pela crítica, talvez Música para dançar ecoasse nas rádios e pudesse transitar por mais circuitos no Brasil. De qualquer modo, é notável e louvável o trabalho precursor de Zé, pois como ele afirma “a ideia era recriar harmonias, provocar os puristas, atrair os jovens para a música brasileira”. E isso é inegável: ainda hoje, a audição de Música para dançar deixará muitos puristas de cabelo em pé.

‘Durante os anos 90, música brasileira era proibida nas pistas’, afirma Zé.

O álbum leva seus beats eletrônicos pelo universo de Maria Bethânia, Elis Regina, Dorival Caymmi e Caetano Veloso. Entre as escolhas de Zé, destacam-se a reconstrução divertida e envolvente de “Vou deitar e rolar”, de Baden Powell e Paulo César Pinheiro, aqui cantada por Elis Regina; a improvável versão de “Retirantes”, de Caymmi; e o embalo praiano que “Cravo e Canela”, de Milton Nascimento, recebeu. Além disso, Caetano Veloso e Adriana Calcanhotto ganharam espécies de medleys, que mesclam várias de suas canções, em dois momentos poderosos: “Eclipse Oculto”, “Tropicália” e “Vaca Profana”, de Caetano, se mesclam no momento mais minimalista e enigmático do disco; já “Senhas”, “Marítimo”, “Vambora”, “Parangolé Pamplona”, “Vamos Comer Caetano” e “Pista de Dança” são amarradas por “Remix Séc. XX” (poesia de Waly Salomão), formando um encerramento poderoso, que capta muito bem o olhar sempre despojado de Calcanhotto e que melhor resume toda a ousadia de  Zé.

“Assim como o meu trabalho nas pistas, o repertório do álbum foi totalmente intuitivo e sem muita reflexão”, conta Zé Pedro. “As canções vieram naturalmente à minha cabeça, a única faixa que soa como inédita é ‘Jogo Perigoso’, com Maria Bethânia, porque eu havia decidido que seria um remix de ‘Carcará’ e ela me sugeriu uma colagem de textos, por ser uma das únicas cantoras a trabalhar com a palavra falada em cena. Fiz, então, uma conversa imaginária entre Fauzi Arap e Bertold Brecht”.

Depois de Música para dançar, Zé ainda lançou Quero dizer a que vim, com mixagem e masterização de Gui Boratto, e Essa moça tá diferente, onde foca-se apenas nas cantoras de MPB. A realidade é que, nesses 15 anos, pouca gente se aventurou pelo mesmo caminho de Zé (ainda mais com o mesmo talento): o BossInDrama fez ótimos remixes de Bethânia, Rita Lee e Elis; o Teto Preto jogou batidas eletrônicas sobre os versos de Itamar Assumpção e o gringo Kaytranada reconstruiu “Pontos de Luz”, de Gal Costa. Neste ano, Vanessa da Mata se uniu ao Felguk, num single que aponta novos e positivos caminhos, mesmo assim, esse cenário que une MPB e eletrônica ainda pede que DJ Zé Pedro não pare de nos surpreender com seus remixes e sua ousadia.

Ouça ‘Música para dançar’ na íntegra no Spotify

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Tags: Adriane GalisteuBoss in DramaCaetano VelosoCríticaCrítica MusicalDJ Zé PedroDorival CaymmieletrônicoEntrevistaEssa moça tá diferenteFelgukGui BorattoMaria BethâniaMPBMúsicamúsica eletrônicaQuero dizer a que vimsambaTeto PretoVanessa Da Mata

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